segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Futebol: a arte do pé na bola



Texto escrito por Igor Moreira

Não raras vezes retóricas sobre o futebol estão atreladas ao senso comum e são manifestadas em diversos lugares, como em rodas de amigos, locais de prática esportiva, entre tantos outros. Uma das falas mais recorrentes é que jogar futebol é fácil; como o jogador que só faz isso na vida, conseguiu a proeza de perder aquele gol; não se faz mais jogadores como antigamente. Essas e tantas outras falas de cunho popular, integram o mundo do esporte bretão. 

Mas afinal, o que é esse jogador de antigamente?  Por que não se faz mais jogadores como antigamente?

Nem de forma imperativa pretendemos concluir algo de tamanha complexidade, mas sim, buscar proposições sobre o esporte mais popular do mundo, nesse primeiro momento, com base em aporte teórico, trazermos elementos nas áreas da sociologia e antropologia que irão subsidiar a nossa tentativa de interpretar a forma única de se jogar futebol no planeta, ou ao menos já foi. E no próximo artigo levantar a “bola” da discussão, sobre o processo de “engessamento” do nosso futebol. 

Apropriando da descontração do professor João Batista Freire, quando brincou que o futebol é o esporte mais difícil do mundo, porque bola está mais longe do cérebro do que em outras modalidades, ao menos que se refere a esportes coletivos. Saindo do campo da irreverência, o futebol é muito complexo por se jogar com os pés, sendo que a nossa coordenação de movimento historicamente é mais desenvolvida pelos membros superiores, a arte da caça e da pesca, que eram ações para sobrevivência humana, não nos deixa mentir. 

O Brasil motivado pelo processo de escravatura começou desenvolver habilidades nos membros inferiores dos escravizados aproveitando a “bagagem cultural” que trouxeram pelo samba e a capoeira.  Essas manifestações culturais serviram de certa forma para sobrevivência dos escravizados. O samba pela manutenção da cultura Africana e a capoeira, pelo ato de defesa desses que foram trazidos forçosamente para terras tupiniquins, mas que acabou influenciando a nossa maneira de fazer futebol.

Essas habilidades com os membros inferiores, ou essa “alegria nas pernas”, relembrando o treinador Felipe Scolari, o Felipão, foram preponderantes para construção da forma peculiar de jogarmos. 

O jogo é oriundo da terra da rainha, mas o drible, a magia, a poesia chamado futebol é genuinamente brasileira. Bem como disse o antropólogo Roberto Da Matta (2006, p. 157) que o Brasil reinterpretou a forma de jogar futebol, pois para ele “O fato é que esse jogo britânico do ‘pé na bola’ foi reinterpretado no Brasil como a arte da 'bola no pé', o que mudou tudo”.

Ao contrário dos países europeus, no Brasil o clima tropical fez com que colocássemos a bola ao chão e exalássemos todo o nosso talento, com arte da bola no pé, em processe antagônico ao velho mundo, que necessitava dos jogos aéreos, devido as neves que pairavam em seus campos.

O futebol deixara de ser apenas um esporte e adentrava ao campo da arte, da plasticidade, e de forma poética. O discutido sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, autor do clássico “Casa grande e senzala”, proliferou as seguintes palavras: 

[…] O nosso estilo de jogar futebol parece-me contrastar com o dos Europeus, por um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e, ao mesmo tempo, de brilho e de espontaneidade individual em que se exprime o mesmo mulatismo de que Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política. Os nossos passes, os nossos pitus, os nossos despistamentos, os nossos floreios com a bola, há alguma coisa de dança e de capoeiragem que marca o estilo brasileiro de jogar futebol, que arredonda e às vezes adoça o jogo inventado pelos ingleses, e por eles e por outros europeus jogados tão angulosamente, tudo isso parece exprimir de modo interessantíssimo para os psicólogos e sociólogos, o mulatismo flamboyant e, ao mesmo tempo, malandro que está hoje em tudo que é afirmação verdadeira do Brasil. (FREYRE, 1938, apud MARANHÃO, 2006, p. 441).

Contudo essa idiossincrasia brasileira de jogar futebol foi se perdendo com passar dos tempos, o esporte bretão adentrou a lógica de mercado e as mutações do estilo brasileiro de jogar tornaram- se inevitáveis.  

Mesmo com as metamorfoses ou evolução do futebol, a paixão por esse esporte mantém-se em lugar privilegiado em nossos corações. Como a plasticidade de um jogo, a semântica de Canale (2012) para se referenciar ao futebol, resumo todo o sentimento o que é “jogar bola”:

As emoções mais viscerais que em primeiro lugar vêm à minha mente são as do futebol. Os jogos que eu joguei, aqueles à que assisti, moram em lugares que variam do obscuro aos mais luminosos da minha memória. Sentir o coração parar de aflição segundos antes de uma cobrança de pênalti, esquecer-se das agruras da vida com o prazer de um gol, de um título, se sentir mais vivo só de saber que em algum lugar existirá um futebol, bem ou mal jogado, te esperando, tanto faz, pois lá estará uma bola rolando no chão. (CANALE, 2012, p.17).


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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A formação para o ensino do esporte

 

Texto escrito por @teo.pimenta

O esporte tem como intencionalidade formar atletas, nesta perspectiva, além do ensino e do aprimoramento das necessidades motoras, cognitivas e comportamentais das crianças e adolescentes para o esporte, é importante, conforme destacou o prof. João Batista Freire, ensinar para além do esporte.

[...] O Brasil deveria ter um plano nacional de educação esportiva que oportunizasse a todas as pessoas o direito de aprender esportes e praticá-los da forma que melhor lhe conviesse. Porém, as políticas públicas para o esporte educacional são poucas e precárias. Pelas características do Brasil e pelo momento atual, são necessários maciços investimentos em educação. E essa educação não pode ser somente a educação escolar tradicional. Precisamos de esporte educacional, de Arte-Educação, de educação para o trabalho, de saúde na escola, de Educação Ambiental, e assim por diante. [...]. (FREIRE, 2012, p. 51).

Fomentar boas práticas didática-pedagógicas que visem a educação por meio do esporte para todos os cantos do Brasil é um desafio que deveria ser liderado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) por meio de parcerias entre entidades públicas e privadas. Desta forma, surgiram debates, reflexões e propostas e programas eficazes no ensino do esporte, assim, também outro desafio seria a formação de professores competentes para atender esta perspectiva. Devemos incentivar a formação de profissional de educação física pra atender os objetivos educacionais por meio do esporte.

No esporte é natural valorizar os profissionais campeões, no entanto, cabe destacar, seria pertinente produzirmos colecionadores de títulos em categorias menores, em detrimento do cumprimento dos etapas na trajetória da formação esportiva de crianças e adolescentes. As instituições que trabalham com o esporte devem refletir criticamente suas ações e entender de uma vez por todas que os resultados não são parâmetros para avaliação de um trabalho.

Um programa de formação esportiva deve envolver conhecimentos relacionados a educação, esporte e lazer. E todas as cidades do Brasil deveriam desenvolver programas de formação para profissionais do ensino do esporte, e as escolas de esporte iriam compor esse sistema, desta forma, poderíamos otimizar os espaços das escolas de tempo integral, potencializar os projetos bem sucedidos que já são realizados e o mais importante, levar os benefícios da prática e formação esportiva para todas as crianças e jovens participantes.

Questionamos o modelo atual da escola de tempo integral, que se utiliza do esporte como uma atividade sem finalidades, apenas para preencher o tempo dos alunos, assim, são incapazes de fazer o esporte uma ponte para a educação, no entanto, sejamos justos com propostas que procuram ensinar valores por meio do esporte. Entende-se que ensinar esporte requer profundidade no conteúdo ensinado, algo pouco visto nos programas de ensino do esporte. Ressaltamos, não queremos generalizar esta crítica, pois sabemos que há bons trabalhos realizados por competentes profissionais. 

É importante deixar claro que sabemos da função social da educação física escolar que seria  abordar o fenômeno esporte como um assunto ou conteúdo da disciplina, em um passado recente a educação física escolar tratou o esporte como o seu conteúdo exclusivo, no entanto, as propostas mais recentes discutem a ampliação e diversificação dos conteúdos ensinados pela educação física no contexto da educação regular, caso do PCN (1996), um importante documento que exigiu a inserção de outros elementos da cultura corporal e o esporte passou a ser mais um dentre os conteúdos nas aulas de educação física, porém, torna-se um desafio mudar a visão esportivizada da educação física na escola. 

Assim, cabe destacar a importante da construção de programas regionais ou nacionais de formação profissional para o ensino do esporte, desta forma, será possível contribuir para o desenvolvimento do esporte para todos as pessoas.


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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O diálogo no esporte


Texto escrito por Gabriel Silva

O diálogo no contexto esportivo se bem organizado poderá ser uma das grandes estratégias para se alcançar êxito dentro de um grupo. A expressão pode ser vista como conversas sérias, brincadeiras entre colegas e até debate sobre algum assunto social. O poderá diferenciar um diálogo produtivo de um supérfluo é o conteúdo. 

No âmbito do esporte, quanto mais houver a troca de ideias entre os envolvidos melhor. Desde os treinamentos até em momentos de competição. A reflexão é sobre a importância deste aspecto, quais os momentos e a frequência a se utilizar. 

A maioria das equipes conquistadoras de título usufrui de conversas descontraídas. Mas quando se analisa o comportamento destas mesmas equipes em momentos de concentração bem como dentro de uma partida, nas orientações do treinador/professor, na exposição de opinião do atleta, é perceptível que eles sabem e respeitam a diferença destas ocasiões. 

Quando se consegue equalizar a brincadeira com a seriedade, logo atinge um nível de maturidade no mesmo nível da qual uma equipe ou grupo necessita profundamente para se manter harmônica, uma vez, os diálogos podem e devem ser benéficos.

São a partir destas oportunidades que geram interações entres os participantes do grupo. Na teoria tudo é lindo e maravilhoso, no entanto, se não bem administrada pode resultar aspectos negativos. O bullying na atualidade está cada vez mais frequente e alguns confundem isso com brincadeiras. Apesar dos cuidados a serem considerados também é fundamental que os inseridos neste contexto recebam orientações de profissionais especialistas na questão, deve ser estabelecido limites nos diálogos e nas brincadeiras.

O professor/treinador também pode se aventurar com os alunos/atletas neste aspecto já que pode ser uma boa estratégia para conseguir interagir e conquistá-los a seu lado. Porém, como já mencionado é de extrema importância que os limites e os momentos de brincar sejam bem definidos, de modo que não haja violação das regras, caso ocorra deve ser revisto, debatido os motivos da importância do respeito.

Sempre vai haver quem sentem mais a vontades, outros mais incomodados nos momentos de diálogo, contudo, é difícil conseguir agradar a todos e o desconforto também deve ser analisado, pois a partir destes momentos involuntariamente estão estimulando a se expressarem sua visão crítica sobre determinado assunto ou até devolver uma brincadeira e assim gerar o diálogo produtivo, saudável e que faz bem para o grupo.

Portanto, o diálogo sempre será bem vindo, em todas as circunstâncias, seja para momentos de descontração ou de tensão, assim, de alguma maneira deve-se aproveitar o diálogo a favor do beneficio comunitário, pois trata-se de uma grande estratégia para alavancar o bom convívio coletivo.


Gabriel Silva é licenciado em educação física e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal procura contribuir na formação de crianças e adolescentes do Taquaral em Ubatuba/SP.


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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Educar pelo esporte: uma breve reflexão


Texto escrito por Igor Moreira

Certa vez o professor João Batista Freire escreveu que “o jogo é [...] uma das mais educativas atividades humanas [...] ele educa, não para que saibamos mais matemática ou português ou futebol; ele educa para sermos mais gente, o que não é pouco” (FREIRE, 2002, p.87).

O lirismo é a complexidade da fala, nos remete a pensar o esporte de forma mais abrangente. Que ferramenta é essa que temos em mãos que é capaz de transformar vidas pelo prazer? Sim, jogar é extremamente prazeroso, mas pode ser tenebroso se as ações pedagógicas não se constituírem dos elementos que subsidiem a pedagogia do esporte como a sistematização, organização e aplicação dos métodos e técnicas eficazes e eficiente no ensino do esporte.

O esporte transforma sim, não raras às vezes nos deparamos com falas de vidas metamorfoseadas via esporte, contudo esse “ame ou deixo-o” é verdadeiro, atividades realizadas de forma não saudável, pode levar o indivíduo ao abando por completo da prática esportiva.

Os elementos intrínsecos ao jogo se explorados com coerência podem surtir efeitos duradouros na vida de quem pratica. O protagonismo, o sentimento de pertencimento que o esporte possibilita para aqueles que por vezes procuram sentido em seu cotidiano, pode ser fator preponderante para a continuidade dessa longa caminhada que é a vida.

O docente deve provocar os alunos/atletas para que esses sejam livres para tomar decisões de forma responsável, analisando os riscos e consequências de suas ações dentro de uma partida e que esses transcendam de meros reprodutores para construtores do seu jogo, consequentemente do seu destino.

Utiliza-se como exemplo o futebol, sendo esse um esporte coletivo, se faz necessário que se discuta e ensine a coletividade, o respeito, cooperação, tomada de decisão, entre outros valores inerentes ao futebol, que também são inerentes a sociedade. Não sendo possível desvencilhar o esporte e sociedade, pois não há um hiato entre ambos, mas sim reprodução mútua. 

Nessa dialética, esporte e sociedade, o professor deve evidenciar os valores sociais no ensino do esporte, podendo assim contribuir de forma significativa na formação do sujeito, preparando-o melhor para viver em comunidade.  Contudo suas ações pedagógicas devem estar voltadas para tal, criando possibilidades para que os alunos sejam protagonistas de sua própria história. 

Nessa sinuosa trilha a ser percorrida é relevante que a metodologia de ensino utilizada pelo docente esteja sempre em consonância com esses propósitos. Uma educação pela cultura corporal de movimento que emancipe e não que produza corpos dóceis (FOUCAULT, 2006).

O ensino a partir do jogo, se trabalhado com coerência é uma grande possibilidade para conquistar aquilo vislumbrado pelo professor João Batista Freire, a educação pelo esporte para formação do sujeito. Mas sempre vale ressaltar que o ensino pelo prazer do jogo, não constituí em soltar a bola para os alunos e deixarem a vontade, sob a égide de “aula livre”, mas sim criar mecanismo de ensino através do ato de jogar. 

Contudo, não podemos incorrer no erro de novamente adestrar nossos alunos, utilizando-se de novas roupagens (valer-se do jogo de forma errônea). Sobre essa questão Scaglia (2020) nos ensina que o professor precisa “devolver o jogo aos jogadores” e os coloquem em estado de jogo, estando em estado de jogo, o prazer gerado nesse momento, tem o poder de transforma e tornarmos mais gente. 


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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

O Papel dos Pais no Ensino do Esporte

 

Texto escrito por @teo.pimenta

Nesta discussão trazemos um tema pouco debatido no ensino do esporte, mas que interfere na formação esportiva, que é o papel dos pais, refletindo a relação estabelecida com as crianças no esporte, este é um assunto que deve ser mais discutido pelos profissionais envolvidos no ensino do esporte.

Antes de tudo, as próximas linhas são reflexões das minhas experiências como pai de um adolescente que se desligou do esporte, no entanto, meu filho é um adolescente ativo fisicamente. O Léo iniciou muito cedo no esporte, confesso que cometi alguns deslizes no meio do caminho, talvez o principal foi a cobrança excessiva por resultados positivo, em especial, quando passou a disputar competições esportivas, resumindo, com 13 anos, precocemente, decidiu abandonar o esporte. Respeitei sua decisão e aprender com esta lição. Desde então passei a refletir mais esta questão no universo da iniciação esportiva.

O esporte de alguma forma, sua ideia educacional deveria contribuir com o desenvolvimento humano de todos, mas o que vemos é a reprodução do esporte de alto rendimento, este deve ser um dos aspectos prioritário da questão. Se pensarmos, os benefícios do esporte não poderia ser para apenas um grupo seleto da sociedade, os mais habilidosos, neste sentido, o esporte antes de mais nada, deveria ser promovido para proporcionar momentos de lazer e educação, em especial, as práticas voltadas para a iniciação esportiva. Neste sentido, o esporte deve ser repensado, para que possa gerar possibilidades de contribuição na formação humana, esta ressignificação cabe as instituições de fomento ao esporte e seus profissionais.  

Teoricamente o esporte possui diferentes dimensões (alto rendimento/performance, educacional, lazer/participação, entre outras), no entanto, no contexto de formação e iniciação esportiva queremos que os alunos se desenvolvam a partir do esporte performance, limitando o potencial do esporte na construção de valores, como: participação, igualdade, respeito, inclusão e autonomia. 

Os pais possuem o papel de incentivar a prática esportiva das crianças, que possuem direitos, como o de brincar, se divertir, participar, jogar, rir e aprender. Devem ser os motivadores e incentivados dos filhos, exclusivamente. Nesta questão relacionada ao papel dos pais, devem ser sempre lembrados que são os modelos para seus filhos, assim, não podem esquecer deste importante detalhe, desta forma, devem respeitar as regras do jogos, professores e autoridades, torcer, incentivar seus filhos, cumprir com a palavra (se disse que irá levar seu filho para jogar num determinado clube, mantenha-a), evitar proferir julgamentos precipitados e principalmente infundados aos professores, lembrem-se eles que são os especialistas e evitar tecer críticas no calor da emoção. 

Devemos apresentar possibilidade de discutir o papel dos pais no processo de formação esportiva e muita aspectos deve ser repensados urgentemente. Esta discussão deve envolver as instituições, clubes, escolas, professores/treinadores, psicólogos que converta-se em proposta de formação e aprendizado para os pais, a partir das observações e vivências individuais e coletivas, sabemos que numa competição por exemplo há todo uma dinâmica que envolvem questões relacionadas a ao desempenho do indivíduo, no entanto, desempenho não deveria ser o ponto central, mas sim o empenho, neste sentido, a configuração do olhar muda de foco.  

Pais, lembrem-se, nos momentos de fortes emoções, normalmente nos dias dos jogos e competições, esqueça seus problemas, esfrie a cabeça e reflita antes de tomar uma decisão que possa se arrepende-se e lembre-se tanto seu filho quanto o professor estão se empenhando e buscando realizar o melhor possível, saiba-se que todos possuímos limitações e que não é possível ganhar todos as partidas, até a seleção brasileira e o Barcelona perde jogos e as vezes de goleada.

Ao longo das competições assistimos ou protagonizamos maus exemplos para as crianças, sabemos que nos jogos muitos pais se exaltam, se inflamam, cometem deslizes, isto passa despercebido por conta do nosso envolvimento no jogo, somos parte do jogo, mas na verdade, devemos ser o ponto de equilíbrio dos nossos filhos. Devemos entendermos que estes momentos são importantes para o processo de amadurecimento dos seus filhos.

Temos que trabalhar todas essas questões como um processo de aprendizado tanto para os pais quanto para os filhos e que a prioridade deve ser o desenvolvimento de forma saudável. O esporte tem um potencial enorme no processo de formação humana, mas para isso ocorrer deve se refletir constantemente e o esclarece o papel dos envolvidos no processo. 

Assim, os pais devem ter momentos formativos, devemos prepará-los para os jogos e competições, devem receber orientações sobre sua conduta nestes momentos, ir para os jogos e competições com a cabeça tranquila e entender que tudo é parte de um processo, um caminho para o seu filho se desenvolver e avançar nas etapas, não podemos deixar de mencionar, que o esporte de alto rendimento é seletivo e uma pequena parcela da sociedade terá a oportunidade de se tornar um esportista profissional, no entanto, acreditamos que o esporte deve ser para todos, mas para isso ocorrer deve ser transformado e ressignificado, apenas desta forma, o esporte pode gerar os benefícios no desenvolvimento das crianças. 

Por fim, organize e sistematize diálogos constantes com os pais no ensino do esporte, em especial, nos momentos que antecedem os jogos e competições.


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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Jogar e brincar é direito de todas crianças


Texto escrito por @teo.pimenta

Jogar e brincar tratam-se de um direito da criança, são discussões que emergiram recentemente no ensino do esporte. Há inúmeras possibilidades de jogos e brincadeiras, entretanto, são poucas exploradas no processo de ensino e aprendizado do esporte. Poderíamos estimular o aprender a jogar jogando. Assim, fomentar discussões mais ampliadas e aprofundadas sobre a temática em questão se faz necessária, em especial, no ensino do esporte.

Jogos e brincadeiras sobretudo são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças, no entanto, na medida que vamos avançando as etapas da vida, paramos de jogar e brincar, esta decisão pode acabar em acarretar danos emocionais na fase adulta. Culturalmente somos estimulados a levarmos tudo muito a sério, a brincadeira é algo proibido, quanta vezes ouvimos a frase: agora não é hora para brincadeiras. Sabemos que algo sério está por vir, mudamos nossa fisionomia e com brincadeira levamos a vida de forma mais leve e descontraída. Um filme que realiza uma reflexão importante sobre o lúdico, nos apresenta uma possibilidade de refletir sobre o lúdico, a relação do brincar e o desenvolvimento humano e que vale a pena assistir é o documentário Tarja Branca. 

Na escola temos a impressão que as crianças não estão por inteiras, por exemplo, por mais que o professor utiliza-se de estratégia lúdica, elas não estão brincando de aprenderem matemática ou português, nas escolas, especialmente as que se utilizam de métodos tradicionais, este momento não é para brincadeiras, o ensino de matemática e português reproduz a vida adulta. E quando as crianças saem para o recreio, estabelece relações, cria vínculos, interage com outras crianças e adultos, dialoga, debate, discute, cria e resolve conflitos. 

Certa vez observei, de longe, um diálogo entre duas crianças, uma delas se aproximando de um coleguinha e confidência que fazia algo errado, escondia seu brinquedo no bolso e queria o chamar para brincar escondido na hora do recreio. É importante refletirmos sobre essa questão, cada vez mais as crianças estão deixando de jogar e brincar no contextos atual, por imposição adulta na escola. As consequências podem ser irreversíveis e afetar as suas vidas significativamente, portanto, devemos refletir nossas atitudes cotidianas.

Jogar e brincar é de extrema importante para o desenvolvimento infantil, trata-se sobretudo de um direito social, proporciona momentos de aprendizado que poderá ser levado por toda a vida. De uma maneira geral, somos todos marcados pelos momentos significativos, nas vivências de jogos e brincadeiras, logo nos vem na lembrança as recordações dos amigos, ou seja, dos bons momentos que carregamos na memória, lembramos dos amigos que jogamos bola juntos, que brincamos de empinar um pipa, andamos de bicicleta, pulamos corda, enfim, que nos proporcionaram momentos significativos que não iremos esquecer jamais. 

O recreio, a aprendizagem informal, algo que não se mede, como jogar e brincar, para muitos, não é considerado como possibilidade de aprendizado, ou não enxerga como tal, mas ressaltamos, jogar e brincar, especialmente, para a criança trata-se de coisa muito séria e fundamental para o seu desenvolvimento. 

E muito dessa aprendizado informal não entra no currículo, aprende-se na hora do recreio, assim, muitos irão defender a instituição do recreio dirigido em todos as escolas, vamos com calma, o recreio é um tempo/momento da criança, neste caso este tempo deve ser um tempo exclusivo da criança, temos que ter um cuidado ao interferir nesse momento, o correto seria deixar a criança decidir entre brincar e jogar ou não brincar e nem jogar, devemos respeitar sua decisão o seu momento, porque, simplesmente, este tempo é dela, ela pode decidir brincar o tempo todo, se achar necessário. É importante respeitarmos e entendermos essa dinâmica, pois é extremamente importante para o desenvolvimento infantil. O adulto quando observa toda esse momento que a criança está brincando, não percebe que ela não está apenas brincando,  mas, também aprendendo e se desenvolvendo.

Por fim, nós professores devemos estimular e criar uma gama variada de jogos e brincadeiras para promover experiências as crianças, desta maneira, irão aumentar o vocabulário motor, a capacidade cognitiva, desenvolver a autonomia, liderança e habilidades psico-sociais necessária para uma vida saudável.


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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Workshop Digital Ensino do Esporte


Workshop Digital Ensino do Esporte, tema desta semana será Jogos e Brincadeiras para o Esporte. O Instituto Esporte Vale vem promovendo eventos voltados para a formação de profissionais competentes para o ensino do esporte.


Público-alvo: Profissionais envolvidos no ensino do esporte.
Data: sábados 
Horário: 10h às 12h
Duração do Workshop: 2 horas
Promoção: De R$ 54,00 por R$ 22,00 


Informações sobre promoções pelo: (12) 98853-4173
Equipamentos e materiais necessários: computador, tablet, smarphone e internet.

Certificado emitido pelo IEVALE


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terça-feira, 11 de agosto de 2020

II JORNADA DA PEDAGOGIA DO ESPORTE



No dia 12 de setembro de 2020 será realizada pelo IEVALE a II Jornada da Pedagogia do Esporte, neste ano em meio a pandemia o evento ocorrerá digitalmente, contará com 11 especialistas, entre mestres e doutores, duas palestras e três mesas temáticas. Os participantes terão cinco horas de intenso conhecimento sobre o ensino do esporte. 

Em 1º de setembro de 2018 o IEVALE homenageou os professores locais com a I Jornada da Pedagogia do Esporte, na ocasião os professores de educação física destacavam a carência de eventos de formação profissional na região do Vale do Paraíba, assim, com a presença dos profissionais do esporte o evento obteve repercussão na imprensa local, conforme destacamos nas respectivas matérias abaixo:  

"I Jornada da Pedagogia do Esporte" acontece neste sábado publicada em 31 de agosto de 2018 pelo jornal Tribuna do Norte.

Acesse e confira: www.jornaltribunadonorte.net


I Jornada da Pedagogia do Esporte foi sucesso em Pinda neste final de semana, publicado no portal digital AgoraVale em 3 de setembro de 2018 no AgoraVale

Acesse e confira: www.agoravale.com.br


Participaram da II Jornada da Pedagogia do Esporte 11 especialistas do ensino do esporte, sendo os palestrantes, Walter Roberto Correia (USP) e Alcides Scaglia (UNICAMP); os mediadores das mesas de debates, Igor Moreira (ESC-ESEFIC/Cruzeiro), Leonardo Lobo (SESC/ São Paulo e FMU/São Paulo) e Teófilo Pimenta (Anhanguera/Taubaté); e os debatedores da mesas, Mediação de Conflitos no Esporte, Iniciação Esportiva e Pedagogia do Esporte, xs professorxs: Fábio Mamel (Módulo/Caraguatatuba e FASS/São Sebastião), Rosângela Domingues (FEFIS/Santos), Enrique Cimaschi (UNITAU), José Martins Jr. (ESC-ESEFIC/Cruzeiro), Gisele Viola (Secretaria da Educação de Taubaté) e Beto Costa (UNIVAP/São José dos Campos e FAPI/Pindamonhangaba).


Data: 12 de setembro de 2020

Horas: 9h às 14h

Local: Canal do IEVALE no YouTube 

Investimento: Gratuito

Certificado: IEVALE (5 horas de duração)

Informações: (12) 98845-4676


Instituto Esporte Vale

ievale1998@gmail.com

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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A formação esportiva


Texto escrito por @teo.pimenta

A formação esportiva necessita de vivências corporais, uma gama de movimentos e experiencia motoras que possivelmente darão base para o esporte, neste sentido, jogar e brincar são elementos fundamentais neste processo.

Num passado recente, a rua era um espaço de convivência das pessoas, as crianças jogavam e brincavam, muitas destas experiências lúdicas giravam em torno do esporte. Assim, para muitos os jogos de brincadeiras eram momentos de descobertas e para muitos um despertar de uma paixão pelo esporte.

Na atualidade, o contexto é diferente, há inúmeros problemas urbanos, em especial, o da violência, é difícil observamos uma rua segura para as crianças jogarem, brincarem e se desenvolverem, infelizmente a rua deixou de ser um espaço de desenvolvimento e formação humana. 

Desta forma, a escola, para muitas crianças, independente do seu contexto social, em vulnerabilidade social ou não, é o único espaço com possibilidades seguras para jogarem, brincarem e se desenvolverem. 

Neste sentido, nossa reflexão não gira em torno do debate do potencial da rua para a formação esportiva, não é essa a intenção, mas sim repensar o desenvolvimento de ações que desenvolvam o esporte para todos no contexto social atual, assim, o esporte não esta limitado a apenas uma parcela da sociedade e desprivilegiado a outra. 

Não negamos que a rua possibilitou as vivências corporais que contribuíram para a construção de uma base para o esporte, no entanto, é falsa a impressão de que o esportista vinha pronto simplesmente porque brincou na rua. Isto é uma ideia extremamente reducionista da formação esportiva e um tanto saudosista.

A formação esportiva é complexa e demanda a organização dos seus inúmeros fatores, formar um esportista não é como muitas pessoas, pautadas nas ideias do senso comum imaginam ao ver uma criança com um potencial no esporte, logo imaginam, nasceu com um dom divino, ou uma herança genética, na verdade, desenvolver um atleta requer uma desenvolver uma variedade de métodos e técnicas específicos de ensino do esporte. Segundo especialistas do movimento humano, as habilidades motoras especificas para um determinado esporte são construídas por meio das vivências e experiências corporais no tal esporte, que se somam. 

Outro fator relevante é o culturalmente, no Brasil, a formação esportiva é mais incentiva ao meninos em comparação as meninas. Todo menino, ao nascer já ganha uma bola de futebol, quando começam a andar, já tem que chutar a bola, literalmente chutar. As meninas não tem a mesma experiência corporal que os meninos, exigem-se das meninas mais habilidades motoras relacionadas a dança do que do esporte, em muitos dos casos, estimulam-se as meninas a brincarem com movimentos mais contidos. Essa cultura, de certo modo, acaba por gerar poucos impactos na massificação do esporte feminino.

As transformações socioculturais que interferiram no mundo geraram outro perfil de atleta, impactando imediatamente, no processo de formação esportiva. Acredita-se no potencial esportivo do Brasil, porém, a má distribuição nos investimentos públicos destinados ao esporte de formação limitam sua abrangência e magnitude, haja vista a execução de poucos projetos relevantes e bem sucedidos no esporte educacional no país, o fortalecimento na formação esportiva deveria passar pela escola, pelas mãos do professor de educação física. 

Os espaços públicos deveriam ser ocupados com esporte, numa reedição dos bons tempos que tínhamos a oportunidade de brincar na rua, o brincar é de extrema importância para a formação humana. Desta forma, por meio das políticas públicas de incentivo ao esporte e valorização do professor iríamos estimular a cidadania, a participação e organização popular. 

Por fim, são vários aspectos para a questão que se apresenta, no entanto, o resultado deste contexto são perdas significativas no esporte, de um modo geral. Mudou o perfil da criança na formação esportiva, desta maneira, a formação adquire outras demandas que devem ser revista, as escolas de esporte devem fazer as crianças reproduzir alguns elementos da rua, em especial, o jogar e o brincar, a criança tem o direito, será importante para o seu desenvolvimento, formação esportiva e humana.


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