Texto escrito por Igor Moreira
Certa vez o professor João Batista Freire escreveu que “o jogo é [...] uma das mais educativas atividades humanas [...] ele educa, não para que saibamos mais matemática ou português ou futebol; ele educa para sermos mais gente, o que não é pouco” (FREIRE, 2002, p.87).
O lirismo é a complexidade da fala, nos remete a pensar o esporte de forma mais abrangente. Que ferramenta é essa que temos em mãos que é capaz de transformar vidas pelo prazer? Sim, jogar é extremamente prazeroso, mas pode ser tenebroso se as ações pedagógicas não se constituírem dos elementos que subsidiem a pedagogia do esporte como a sistematização, organização e aplicação dos métodos e técnicas eficazes e eficiente no ensino do esporte.
O esporte transforma sim, não raras às vezes nos deparamos com falas de vidas metamorfoseadas via esporte, contudo esse “ame ou deixo-o” é verdadeiro, atividades realizadas de forma não saudável, pode levar o indivíduo ao abando por completo da prática esportiva.
Os elementos intrínsecos ao jogo se explorados com coerência podem surtir efeitos duradouros na vida de quem pratica. O protagonismo, o sentimento de pertencimento que o esporte possibilita para aqueles que por vezes procuram sentido em seu cotidiano, pode ser fator preponderante para a continuidade dessa longa caminhada que é a vida.
O docente deve provocar os alunos/atletas para que esses sejam livres para tomar decisões de forma responsável, analisando os riscos e consequências de suas ações dentro de uma partida e que esses transcendam de meros reprodutores para construtores do seu jogo, consequentemente do seu destino.
Utiliza-se como exemplo o futebol, sendo esse um esporte coletivo, se faz necessário que se discuta e ensine a coletividade, o respeito, cooperação, tomada de decisão, entre outros valores inerentes ao futebol, que também são inerentes a sociedade. Não sendo possível desvencilhar o esporte e sociedade, pois não há um hiato entre ambos, mas sim reprodução mútua.
Nessa dialética, esporte e sociedade, o professor deve evidenciar os valores sociais no ensino do esporte, podendo assim contribuir de forma significativa na formação do sujeito, preparando-o melhor para viver em comunidade. Contudo suas ações pedagógicas devem estar voltadas para tal, criando possibilidades para que os alunos sejam protagonistas de sua própria história.
Nessa sinuosa trilha a ser percorrida é relevante que a metodologia de ensino utilizada pelo docente esteja sempre em consonância com esses propósitos. Uma educação pela cultura corporal de movimento que emancipe e não que produza corpos dóceis (FOUCAULT, 2006).
O ensino a partir do jogo, se trabalhado com coerência é uma grande possibilidade para conquistar aquilo vislumbrado pelo professor João Batista Freire, a educação pelo esporte para formação do sujeito. Mas sempre vale ressaltar que o ensino pelo prazer do jogo, não constituí em soltar a bola para os alunos e deixarem a vontade, sob a égide de “aula livre”, mas sim criar mecanismo de ensino através do ato de jogar.
Contudo, não podemos incorrer no erro de novamente adestrar nossos alunos, utilizando-se de novas roupagens (valer-se do jogo de forma errônea). Sobre essa questão Scaglia (2020) nos ensina que o professor precisa “devolver o jogo aos jogadores” e os coloquem em estado de jogo, estando em estado de jogo, o prazer gerado nesse momento, tem o poder de transforma e tornarmos mais gente.
O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte.
Acreditamos no poder transformador do esporte.
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