Texto escrito por José Martins Freire Júnior
O esporte está presente na sociedade há séculos, manifestando-se de diferentes formas e com inúmeros significados, sendo praticado nos mais diversos locais do planeta. Como aponta Finck (2012, p.93) “O esporte como fenômeno social se manifesta em diferentes contextos e tem objetivos distintos”.
Nas escolas, é uma manifestação da cultura corporal, como afirma os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), que pode ser ensinada de várias formas e com métodos diversificados. Sendo assim, o professor de Educação Física tem grande responsabilidade ao ensinar aos alunos os diferentes conteúdos relacionados ao esporte, pois dependendo da maneira que o faz, poderá ou não contribuir de forma significativa para um aprendizado voltado para autonomia, para emancipação, com participação efetiva dos alunos, aspectos preponderantes para uma educação democrática.
Pois "uma prática excludente e seletiva, que impede crianças, adolescentes e jovens de serem livres e de desenvolverem sua autonomia e criticidade, contradiz os atributos educativos [...]" (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2004, p. 11).
O esporte faz parte da nossa cultura e contribui de várias formas para a vida das pessoas, e está presente em diferentes contextos, públicos: escolas, parques e praças, ou privados: clubes, escolinhas de esportes e ginásios.
Bracht (2005) relata que o conceito de esporte precisa abarcar inúmeras possibilidades, pois há um grau de diferenciação muito grande no contexto esportivo, no qual destaca-se as seguintes classificações: esporte de alto rendimento ou de rendimento, esporte de lazer e esporte educativo. Sendo que há uma busca constante por conceitos que expliquem as diferenças entre tais classificações, no Brasil em 1985, José Sarney instituiu uma comissão de reformulação do esporte brasileiro, inclusive foi incorporado pela Constituição Federal de 1988, na qual diferenciou o conceito do esporte em 3 classificações, sendo elas: deporto–performance, desporto–participação e desporto–educação.
Apesar da diferenciação em sua classificação, elas se aproximam, principalmente o esporte-educação, com esporte-participação, dos quais um adentra ao “espaço” do outro, pois é possível enxergar o esporte–participação dentro de um ambiente educacional, como a essa prática de caráter educativo pode estar presente a todo momento, tendo como determinante a forma de sua aplicação, não tendo como relevância o local de sua execução.
De acordo com Marques, Almeida e Gutierrez (2007), o esporte possui diferentes manifestações que estão relacionadas a duas categorias. A primeira refere-se ao sentido da prática ligada às intenções e ao contexto na qual ocorre, a segunda categoria corresponde à modalidade que se desenvolve por meio de atividades que possuem caráter esportivo, ou seja, possuem regras, normas e órgãos reguladores. Enfim, toda atividade esportiva possui um sentido e se manifesta por meio de uma modalidade que irá expressar os valores e atitudes pelos quais se orienta.
Pode-se perceber que esporte é um componente de destaque mundial, consequentemente é apontado como um dos fenômenos sociais mais expressivos na atualidade e que teve a sua expansão atrelada às transformações sociais que ocorreram nos últimos anos, conquistando uma posição diferenciada em vários campos, sendo eles: político, econômico, educacional, cultural e social (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).
Vago (1996) aponta que o esporte é considerado uma prática cultural, que incorpora valores sociais, culturais, econômicos, estéticos e utiliza diversos espaços da sociedade para acontecer. Entre esses espaços podemos citar: ruas, parques, clubes, escolinhas de esportes, entre outros espaços de lazer e claro a escola, que é o foco do estudo.
Dialogamos com Taffarel (2000), quando a autora descreve que o esporte não pode ser analisado de forma isolada e fora do contexto das inúmeras relações e interações que possui com a sociedade, pois desta maneira é dar-lhe uma autonomia inexistente. Esse tipo de análise considera uma visão totalmente idealista de que o “desporto é algo bom em si mesmo” e que está acima de tudo e de todos.
Nota-se a emergência da vinculação entre as políticas esportivas e o discurso da promoção da cidadania ou de inclusão social” (MELO, 2005, apud NOGUEIRA, 2011, p. 111).
Ou seja, pratique esporte que será um sujeito de sucesso, de caráter, reduzindo apenas a um fator complexidade da construção do sujeito, apropriando-se do estereótipo que para chegar a “glória esportiva” o atleta é constituído de inúmeros valores e valências que quase o torna um “super-homem”.
Mas para uma real eficácia do esporte no auxílio da construção do sujeito é necessário que sua prática seja voltada para a emancipação do indivíduo e não tenha com determinante, o econômico, reproduzindo a lógica capitalista da submissão do homem.
O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente no curso de educação física da Escola Superior de Cruzeiro - ESC.
O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte.
Acreditamos no poder transformador do esporte.
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