segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Profissional especialista ou multifuncional: qual a exigência da área para a atuação do profissional de educação física?


Texto escrito por Luiz Fernando Santos Tross (Fininho)

A Educação Física como disciplina acadêmica tem suas fundamentações nos cursos de graduação e pós-graduação, ou seja, no ensino superior. É um ramo do conhecimento formalmente ensinado, seja na universidade ou na faculdade.

Sendo assim, perguntas vêm a galope como: qual e que tipo profissional deve-se formar? Com que intuito? Para atuar onde? Contrata-se mais profissionais especializados ou generalistas e multifuncionais? Qual a exigência do mercado? Estes questionamentos dão início a discussão e o pensamento crítico que deve haver em cada profissional de educação física. 

Para se constituir uma universidade, um tripé composto necessariamente de suas três partes deve existir: Ensino, Pesquisa e Extensão. O que vem ocorrendo nos cursos de formação profissional – graduação – causa um embaraço no entendimento de que tipo de profissional está sendo formado. Parece-me que a maioria das instituições formam professores despreparados para o mercado de trabalho, sem conhecimento técnico específico em nenhuma área, muito menos incentivado e orientado a produzir e absorver conhecimento científico. Sendo assim, a qualidade dos milhares de profissionais de educação física que se formam todos os anos e vão a comboio para o mercado de trabalho é questionada, fazendo com que muitos mudem de profissão por não conseguirem emprego, ou por não serem devidamente remunerados (muitas das vezes por falta de merecimento por sua competência), trazendo um descrédito da área como um todo.

Parte disso ocorre por não se ter um foco e objetivo de qual profissional deve-se realmente se formar, seja na licenciatura ou no bacharelado. As grades curriculares das instituições universitárias são multivariadas, generalizando o conhecimento que deveria ser aprofundado e focalizado; professores que advém de outras áreas ou docentes sem elevada qualificação que, por muitas vezes, não aprofundam no conhecimento específico da área que leciona; por problemas financeiros e políticos, muitas das instituições adotam a filosofia do menos para o mais, ou seja, mantém menos professores nos quadros de funcionários ministrando diversas disciplinas sem nenhuma afinidade com o conteúdo, baixando o sarrafo da qualidade de ensino para evitar gastos excessivos.

Por tal, vemos profissionais se formando sem nenhuma perspectiva de como atuar, onde atuar e com o que atuar. A ideia que muitos comentam é a de que seria para estar se formando professores que saibam um pouco de tudo do que ocorre no leque de possibilidades que a área oferece, mas a impressão é que se formam professores que sabem nada de nada. Hoje em dia o que se mostra é que se pretender formar, no mesmo curso, o profissional comum, o cientista e o técnico especializado (sendo inviável o profissional polivalente), cabendo a pós-graduação lato e stricto sensu o complemento da formação do pesquisador, ou do treinamento do especialista altamente qualificado. Estamos no caminho certo?

Para o ensino na universidade, esta impossível polivalência ainda é buscada, nos dias atuais, tendo professores ministrando diversas disciplinas que não são interligadas em conceitos, etimologia, práticas, historicidade, condutas e feelings, fazendo com que a qualidade do ensino caia, pois dificilmente o professor será especialista em 5 ou 6 áreas diferentes. Recai, portanto, a qualidade de formação na graduação (e pós-graduação) de novos recursos humanos, afetando as condutas no campo de atuação teórico-prático, o que é algo perigoso e extremamente comprometedor para qualquer área.

Mas em contrapartida, vejo profissionais com atuação direta na intervenção perante a sociedade em que esta “qualidade” em ser polivalente, multifacetado, multifuncional, no sentido de se adaptar a várias exigências, ter um conhecimento vasto em diversas funções, mesmo que não seja aprofundado ou especialista em nenhuma delas, acaba por ser a preferência na contratação por empresas, clubes e academias, vistas as potencialidades de adaptação e substituição de outros profissionais, caso haja necessidade.

Porém, mesmo no ensino superior, em concursos, empresas ou no trabalho autônomo (por exemplo: personal trainer), há quem busque por profissionais altamente especializados, com expertises específicas e há quem almeje profissionais ditos “bombril”, que faz de tudo um pouco. A discussão, aqui, não é qual o mais bem remunerado, nem que é mais bem visto perante a sociedade e muito menos que é o descrédito da área, se é que há. Penso que espaço de atuação tem para todos, mas para todos os que se empenham para ser os melhores, seja o melhor especialista em uma determinada função/área de conhecimento ou o melhor polivalente, que sabe atuar com seu brilhantismo onde for solicitado que atue. O que deve haver consenso, e isto já é fato, pelo menos para mim, é que profissionais medíocres e simplistas não sobrevivem. Ou até sobrevivem, mas são os que rebaixam a área, reclamam de salários pífios, e causam o olhar desconfiado e discriminatório da sociedade e de outros profissionais como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e até psicólogos. 

Creio que cada profissional deva “ingerir” a produção científica produzida no seu setor de atuação, absorver o que pode contribuir nas melhorias de suas condutas profissionais e descartar o que não lhe for útil ou condizente com sua realidade, seu contexto/caso. Cientistas e pensadores buscariam analisar a ciência num panorama mais amplo, e discuti-los. Pesquisadores devem continuar a produzir conhecimento, independente dos meios que utilizará para publicá-lo, portanto que tenha fácil acesso aos profissionais e à população, assim como sua linguagem clara. Nem todo profissional deve viver para pesquisar, mas todo profissional consciente deve utilizar a pesquisa como forma de atuar com mais embasamento, segurança e eficiência, pois a população/mercado precisa destes profissionais-atuantes e não apenas profissionais-pesquisadores.

Por fim, o conhecimento teórico-prático é essencial para qualquer tipo de profissional que se proponhas, mas que tenha embasamento, comprovação e funcionalidade, corroborando com Tani (1996, p. 23), o qual coloca: 

Ao meu ver, ambos conhecimentos – acadêmicos e profissionais – são importantes e necessários para a atuação e para a preparação profissional e, portanto, entendo que a busca pela autenticidade e respeitabilidade profissionais implica a elaboração e desenvolvimento de um corpo de conhecimentos, acadêmicos e profissionais, através de pesquisa e a sua utilização para melhorar a qualidade da prática profissional.


O professor Luiz Fernando Santos Tross (Fininho) é mestre em educação física pela USJT, atua com práticas corporais no SESI e docente no curso de Educação Física na Anhanguera Educacional de Taubaté.


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domingo, 29 de novembro de 2020

Ensino Híbrido, será esse o nosso próximo passo? para frente ou para atrás?



Texto escrito por Fabio Mamel 

Desde março de 2020 estamos atravessando uma mudança no modo de ensinar, mudança essa sem aviso, sem anúncio, sem treinamento, sem reflexão, dentre tantos outros “sem” por aí. Em uma semana entraram na nossa casa de maneira virtual, sem pedir licença, sem avisar, simplesmente entraram! Ao entrar na casa de outra pessoa, geralmente nos cumprimentamos, falamos sobre assuntos cotidianos, informais, formais, ou seja, é desenvolvido um diálogo onde ambas as partes participam, contribuem voluntariamente, pois estamos na NOSSA CASA.

A Educação básica, Graduação, Pós-graduação, cursos técnicos, cursos informais, cursos de extensão virou de cabeça para baixo, sem avisar quem mais se importa e se compromete, o PROFESSOR E PROFESSORA. Fomos pegos diante uma pandemia cruel e nos atingiram bem no meio da nossa profissão, foi um tiro certeiro, desses de filmes de terroristas, e assim mesmo baleados, fomos nos arrastando, cambaleando, segurando o sangramento até chegar ao...( vocês pensaram na palavra hospital né?!) nosso quarto, sala, cantinho da casa que ninguém usa, compramos imobiliário, investimos em peças tecnológicas de várias ordens, aumentamos o pacote de internet, e por aí vai. Tudo isso para quê? Para continuarmos com a qualidade de ensino/aprendizagem que tanto desejamos alcançar, ou pelo menos ir ao encontro dela.

Pouquíssimas instituições colaboraram com essa invasão em nossas casas, no sentido de sanar esses anseios e dificuldades momentâneas. Entretanto, a raça humana quando tocada ou sensibilizada com algo maior, onde não podemos intervir a nosso favor, costuma-se organizar-se e ajudar-se, foi assim nos grandes episódios de nossa história, ou seja, se não nos ajudarmos “A VACA VAI PARA BREJO” e na Educação não foi diferente. Professores e professoras, organizaram-se, juntaram-se, e o principal, saímos da inercia e agimos! Sem ação as “ coisas não mudam” nossa ação foi por meio das mídias sociais digitais, tivemos inúmeras lives, cursos, formação de grupos de whatsapp, essa organização para um fim comum: trocarmos experiências, ideias, sugestões, estratégias de ensino, que deram certo ou errado, reflexões, dúvidas, etc...para continuarmos com a tão desejada qualidade de ensino, afinal é a nossa profissão que está em jogo!

Sendo assim, passados quase 9 meses (vai nascer a criança), avançamos um pouco em relação ao nosso novo modo de trabalho, esse avanço se deu por nós, mobilização de professores e professoras engajados e compromissados pela Educação de nossos alunos, aqui a palavra Educação no sentido da relação professor-aluno. Falando em alunos, esses também passaram por um tornado enorme que continua forte, não tem mais sala de aula, não tem mais dúvida presencial física com o professor, não tem mais troca de olhares com seus pares, ideias, sugestões, discussões, bagunça, ou seja, a sala de aula esta na UTI sem previsão de alta. Não me refiro apenas a estudantes da educação básica, e sim a todos e todas as estudantes independentemente da idade. 

Entretanto, não tem um culpado(a), muito menos cabe a mim julgar e condenar, apenas deixar claro o quanto estamos nos esforçando para exercer a nossa profissão. Esse desabafo, em formato de texto, foi sobre o ensino remoto síncrono e assíncrono que estamos aprendendo a lidar. Mal aprendemos (na raça), a lidar com essa mudança brusca, e está surgindo uma nova modalidade de ensino, o ENSINO HÍBRIDO. Chamado de “tendência”, essa modalidade de ensino aparece nos dias de hoje (havia antes, mas não com tanta expressão), devido ao momento que estamos atravessando, como uma rápida solução para minimizar o distanciamento aluno/professor.

Portanto, mal aprendemos a trabalhar com uma modalidade remota e está surgindo fortemente outra modalidade, que também não conhecemos com profundidade metodológica e didaticamente. Ou seja, quem irá desenvolver as metodologias? Didáticas de ensino/aprendizagem? modos de avaliar?  Somente nós! Professores e professoras, como foi no ensino remoto.

Enfim, fica minha pergunta para meus colegas de profissão refletirem: como será nosso comportamento frente ao ENSINO HÍBRIDO?


O professor Fabio Mamel é mestre pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), docente no Grupo Cruzeiro do Sul e nos cursos de Pós-graduação de Pedagogia do Esporte (FMU) e Educação Física Escolar (Estácio).


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sábado, 28 de novembro de 2020

O CREF e a sua função social


Texto escrito por 
Beto Francine

Os Conselhos Regionais de Educação Física, são uma construção de luta da categoria dos profissionais de Educação Física na sociedade. A lei que regulamenta a atividade profissional e seus profissionais busca não permitir que pessoas que não possuem formação na área trabalhem, ocupando vagas de trabalho onde o profissional é necessário para evitar que danos possam ocorrer ao praticante e à sociedade e assim valorizar a profissão.

Essa luta pelo reconhecimento do profissional de Educação física vem, por exemplo, aqui em São Paulo, desde a APEF – Associação dos Profissionais de Educação Física, além de Faculdades e Universidades onde muitos de seus membros dedicaram boa parte de sua vida para que este sonho se tornasse realidade, bem como de profissionais que entendem a importância desta regulamentação. Se não existisse o reconhecimento da profissão, onde quem fiscaliza é o CREF, da maneira que conhecemos os postos de trabalho hoje, com certeza não existiria.

A valorização profissional é muito difícil e constante, fizemos 22 anos de reconhecimento profissional e comparando com outros Conselhos profissionais, o CREF é jovem e grande parte dos profissionais não entendem a razão de termos um conselho. Pergunte à um médico se ele acha que o CRM é importante ou se você se consultaria com uma pessoa que se diz Médico mas não tem o CRM, ou a um Fisioterapeuta se o CREFITO tem relevância ou mesmo a um engenheiro em relação ao CREA, alguém faria uma obra sem que o engenheiro tivesse CREA ou a um advogado e a OAB, os conselhos profissionais são de fundamental importância para os profissionais e para a sociedade.

Então por que os profissionais de Educação Física, em parte, não reconhecem a necessidade do CREF ou ficam indignados quando vem a cobrança de uma anuidade? Muitos professores reclamam de que devem ter o CREF para lecionar. Vou fazer uma exemplificação fictícia, mas vejam se não tem relação à nossa profissão: Caso não fosse obrigatório ter o CREF para fazer concurso ou dar aulas na escola, o diretor ou a gestão, poderia convidar para dar aulas de Educação Física aquele ex-aluno que era bom jogador de futebol ou era atleta ou aquela amiga que saber ‘dar’ brincadeiras para as crianças, aliás a obrigatoriedade da Educação física nos anos inicias não seria concreta pois é parte das conquistas do CREF.

Em uma Academia isso seria ainda mais corriqueiro pois ainda é, até hoje, recebemos inúmeras denúncias onde ex-alunos ou ex-atletas são convidados para serem professores em academias, e, esses leigos, sem a formação adequada, podem causar lesões ou má formação em clientes e não respondem por isso. A denúncia, e esta, só pode ser feita pois a profissão está regulamentada e estes leigos não podem trabalhar nestes ambientes.

O CREF faz fiscalizações regularmente ou recebe denúncias e verificam a procedência, acionando os órgãos responsáveis como a polícia e o Ministério Público, além de procedimentos administrativos, e tem o poder de cercear aqueles que atuam nas áreas afetas pela profissão e não tem capacitação para tal.

O CREF também tem um papel político e vem exercendo através de pressões na Câmara/Senado e Assembleias Estaduais para, em momentos como agora que estamos vivendo, a reabertura das Academias. Conseguimos, no ano passado, o reconhecimento de que somos profissionais da saúde, entrando no rol de profissões ligadas à saúde contribuindo neste debate com conselheiros que atuaram na comissão que permitiu este reconhecimento.

O trabalho dos Conselheiros e dos Delegados do CREF é voluntário, os conselheiros são profissionais eleitos pelos seus pares que dedicam seu tempo para valorizar e defender a nossa profissão. O CREF por vezes é confundido com Sindicato ou Associação de classe, porém não é, ele não pode lutar por melhores salários por exemplo. Todos os recursos arrecadados devem ser utilizados para infraestrutura de atendimento e registro profissional além de fiscalização que é uma das atividades fim do CREF e tem seu controle financeiro exercido pelo Tribunal de Contas do Estado e determinação dos valores de contribuição determinados por legislação federal.

É importante que todos os profissionais de Educação Física e a população em geral cobrem sempre por melhores serviços. A lei não permite que muitas coisas que gostaríamos que fossem feitas pelo CREF possam ser realizadas. O CREF é fundamental para Educação Física, mas carece ainda de entendimento dos Profissionais envolvidos que precisam valorizar a profissão. Espero que com este texto eu possa ter auxiliado neste debate e me coloco a disposição para esclarecer e ou orientar sobre questões ligadas ao CREF e à nossa profissão.


O professor Beto Francine (CREF04/SP 1858-G) é pedagogo, delegado do CREF04/SP mestre em Políticas Sociais, professor de educação física no Ensino Fundamental I e Instrutor de Mergulho PADI. Contatos: (012) 99768-1533 | roberto.francine@gmail.com


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Edição Especial


Prezados leitores, entre os dias 28/11 a 21/12 publicaremos diariamente artigos especiais de convidados e parceiros do IEVALE, nossa meta é fechar a ano com a marca de 100 artigos, ainda neste ano, desta forma, professores amigos e colaboradores do blog do IEVALE para participar desta empreitada. Portanto, gostaríamos de convidá-los a nos acompanhar diariamente e esperamos ajudar você professor/a a ampliar seu conhecimento, contribuir na sua formação e consequentemente no ensino do esporte. 

Estamos felizes pelo sucesso e retorno deste projeto neste primeiro ano e continuaremos a fomentar reflexões, debates e discussões dos temas e assuntos voltados ao seu contexto de atuação e cotidiano didático-pedagógico. Estamos nos dedicando a levar o melhor para você professores/as inseridos na iniciação e formação esportiva. 


Téo Pimenta | Diretor e Editor do Blog do IEVALE
(12) 98845-4676 | ievale1998@gmail.com
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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O ensino do esporte em questão


Texto escrito por Téo Pimenta

A falta de vivências corporais das crianças atualmente podem comprometer o desenvolvimento no esporte, pois para a prática efetiva do esporte é necessário avançar para o estágio de desenvolvimento maduro das habilidades motoras, desta forma, este contexto sociocultural apresentado em nossa sociedade pode gerar inúmeras dificuldades na próxima etapa de desenvolvimento esportivo, que seria a das habilidades especializadas ou específicas. 

Observa-se que as discussões com relação ao desenvolvimento esportivo vem avançando, especialmente, nos últimos 10 anos. Surgindo mais diálogo há mais possibilidade de problematização e consequentemente mais avanços nas questões conceituais e procedimentais. A promoção constante de diálogo e trocas de ideias pode elucidar e apresentar caminhos didático-metodológicos para o ensino do esporte. E partimos da ideia de Paulo Freire (1989) que: “não há saber mais, ou saber menos, há saberes diferentes”.

Por outro lado, embora não estamos tratando do assunto investimento no esporte, sabemos que afeta indiretamente o desenvolvimento do ensino. Investimento em estrutura, tanto física quanto humana, especialmente, na formação continuada dos professores apresenta consequências diretas na iniciação e formação esportiva. Não negamos que há investimento no esporte, mas questionamos a má distribuição dos recursos e a concentração no esporte de alto rendimento, aproximadamente 80% dos recursos são destinados a essa modalidade. Defendemos uma melhor distribuição para a formação de professores, na manutenção, reforma e construção de escolas e praças esportivas, ou seja, buscando na prática e não no discurso eleitoral a viabilização do potencial de transformação do esporte. 

Voltando a questão motivadora deste texto, quanto ao problema relacionado ao pouco movimento da criança, observamos que o contexto sociocultural de pouco movimento, gera poucas vivências motoras, assim, temos uma geração com um vocabulário motor reduzido. Desta forma, os professores inseridos nos espaços esportivos possuem a tarefa de, além de incentivar a criança a prática esportiva devem também promover uma ampla gama de experiências e vivências motoras nas crianças. Pois as crianças desta nova geração chegam sem esta bagagem. Destacamos a importância de estimular o brincar nos primeiros anos de vida, especialmente. O brincar promove o prazer que pode gerar o interesse ao esporte, e consequentemente, auxilia na socialização e a comunicação, habilidades psicossociais que contribui para a formação e desenvolvimento humano. 

No esporte, especificamente, há uma necessidade de ser estimulado um vasto vocabulário motor que irá contribuir na vida esportiva do futuro atletas. Entendemos que a formação esportiva é um processo, que não se deve ser deixada ao acaso. 

Defendemos aqui neste bloq que só se aprende o esporte vivenciando-o, neste caso, não estimular as habilidades motoras básicas, como as capacidades locomotivas manipulativas e estabilizadoras na infância fica quase impossível colher frutos no universo esportivo no futuro. 

Ao professor cabe direcionar e estimular o desenvolvimento da criança ao longo do seu processo. Metodologicamente falando, devemos resgatar o potencial do lúdico, do movimento, do jogo e estimulando as crianças a prática esportiva. Tendo esta atitude demonstramos que somos uma sociedade que respeita e cuida das criança, entendendo que são seres humanos em processo de formação. 

Aprender o esporte, envolve estar constantemente jogando e brincando, superando os desafios apresentados e resolvendo os problemas, assim, construindo a autonomia motora. 

É importante ampliarmos o nosso diálogo e debate para viabilizar o potencial do esporte e melhorar nosso entendimento e reflexão das contribuições do mesmo para a sociedade de um modo geral. 

Por fim, se há falta de verificação e clareza nos objetivos, em especial, no processo de ensino e iniciação do esporte, haverá como resultado uma limitação na efetivação da viabilidade do ensino do esporte na prática. Neste sentido, devemos construir propostas didático-pedagógicas organizadas, sistematizas e contextualizadas, que deveram ser constantemente refletidas.


Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Os Estilos de Ensino


Texto escrito por José Martins Freire Júnior

De acordo com Gozzi e Ruete (2006) os Estilos de Ensino fazem parte de um Spectrum que compõe uma teoria que objetiva analisar a estrutura das tomadas de decisões em um comportamento de ensino e aprendizagem. Tais decisões podem ser tomadas tanto pelo professor quanto pelo aprendiz-aluno. 

É importante ressaltar que o conhecimento do Spectrum possibilita ao professor novos caminhos didáticos pelo conhecimento e utilização de vários estilos de ensino, mudar de um estilo a outro. Tal conhecimento poderá auxiliar no planejamento das aulas, visando que o educador se torne observador, conselheiro e criador que consiga colaborar para o desenvolvimento da autonomia de seus alunos.

De acordo com Krug (2009), existe uma Anatomia dos Estilos de Ensino que é composta por 3 fases: 

Pré-impacto: está relacionada a todas as decisões que antecedem o contato entre o aprendiz e o professor, ou seja, o planejamento. 

Impacto: corresponde às decisões ligadas à ação e à implementação do planejamento. 

Pós impacto: agrega as decisões voltadas à avaliação e à performance do que foi aplicado na etapa de Impacto, ou seja, é responsável por analisar o desenvolvimento das etapas anteriores, para que se possa fazer os ajustes necessários.

O Spectrum é composto por onze estilos de ensino, que representam duas capacidades básicas humanas: a capacidade de reprodução e a de produção de novos conhecimentos.

Os estilos são organizados de acordo com essas capacidades, sendo assim, os estilos de Comando (A), Tarefa (B), Recíproco (C), Auto checagem (D) e Inclusão (E) estão vinculados à reprodução, já os estilos Descoberta Guiada (F) Descoberta Convergente ou Solução de Problemas Convergente (G), estão relacionados à descoberta e à produção de novos conhecimentos. Por fim, os estilos Descoberta Divergente ou Solução de Problemas Divergente (H), Individual (I), iniciado pelo aluno (J) e Auto Ensino (K) estão ligados à descoberta e criatividade (GOZZI; RUETE, 2006).

Sendo assim, para ensinar o esporte seja no ambiente escolar ou em projetos esportivos, os métodos ou princípios de ensino são muito importantes assim como variados  Estilos de Ensino que podem e devem ser utilizados para que o aprendizado da modalidade seja duradouro, eficaz e colabore com a autonomia dos praticantes.


O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro (ESC) e da UNISAL/Lorena.


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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O instrumento básico do intelecto no esporte

 

Texto escrito Gabriel Silva

É incerto afirmar que existem pessoas mais inteligentes que outras propriamente ditas. O que ocorre é que alguns desenvolvem melhor ou mais a capacidade de pensar. Cury (2013) relata que todos os grandes pensadores como Kant, Nietzsche usaram o pensamento pronto para produzir ciências políticas e filosofia, mas não se estudou pelo menos sistematicamente, a natureza e o processo de construção de pensamentos. Através dele amamos e odiamos, aplaudimos e vaiamos.

Para construir os pensamentos, se entra em milésimos de segundos na memória e sem usar um mapa encontra os elementos, como movimentos corporais, pronomes, verbos substantivos, que os constituem. Essa incrível façanha é exclusiva deste instrumento. No contexto do ensinamento esportivo, o estímulo a tomadas de decisões é frequente e necessária, uma vez que almeja formar seres altamente autônomos e críticos em suas ações, ao invés de produzir em massa repetidores de informações que apenas segue o que o “comandante” pede. A robotização nas atividades agride ferozmente a construção de pensamentos que pode vir a serem possibilidades e até soluções para problemas antes ainda não resolvidos pelo profissional ou pelo menos que havia ocorrido dificuldades.

Mas como que esse instrumento discutido pode se tornar o eixo condutor no processo ensino-aprendizagem?

A única verdade absoluta no esporte é que não existe uma verdade absoluta. No livro Futsal, as descobertas de Gael o professor Damasco em uma conversa com de seus alunos indaga: 

“Por isso o que posso te assegurar Gael, é que seu entendimento deste esporte irá aumentar, mas não com respostas prontas, pois tu não és um robô, tampouco com uma receita pronta, pois não existe, mas, sim com pistas para você capturá-las e aplicá-las na sua própria jornada. Diferente da matemática o futsal não possui respostas exatas e definidas. 2 + 2 será sempre 4. Porém no esporte tudo depende. Tudo é ajustável. Quase tudo irá ter maneiras diferentes a se realizar. Em outras palavras, não acredite muito no que faço, muito menos no que digo, duvide sempre!” 

Com esta referência literária, chegamos à reflexão que para o instrumento do pensar ser ativado com mais intensidade é imprescindível a exposição de “pistas” a eles, isto é, apresentar as possibilidades e deixarem com que eles próprios definam por suas decisões a seguir.

Se extrairmos uma das estratégias na abordagem tecnicista é comum se deparar com jogadas “ensaiadas”. Esta é uma medida no ensinamento esportivo que silencia o instrumento aqui mencionado. Já que todas as ações são de antemão definidas e estabelecidas. Isto não é uma crítica a tal metodologia, porem deve ser frequentemente refletido para que o pensamento do aluno esteja sempre em primeiro plano.

A vista disso deixamos aqui tal reflexão de como que o profissional da Educação Física pode fazer com que o instrumento do pensar seja cada vez mais estimulada no ensino do esporte. Contamos com sua contribuição expondo aqui seu ponto de vista em relação a isso.


Gabriel Silva é licenciado em educação física pelo Centro Universitário Módulo e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal procura contribuir na formação de crianças e adolescentes de Ubatuba/SP. 
prof.gabrielsilva@outlook.com

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Por um ensino do esporte mais humanizador e para a vida

 


Texto escrito por Téo Pimenta

A construção de propostas pedagógicas com práticas mais humanizadoras e para a vida passam pela disposição do professor em buscar romper com práticas pedagógicas tradicionais, buscando constantemente por práticas inovadoras, no sentido de construir propostas opostas ao paradigma reducionista, ou seja, práticas que procurem se comprometer com o desenvolvimento de ações pedagógicas revolucionárias, sobretudo, que valorizem o processo em detrimento do resultado, ou seja, práticas menos verticais e mais horizontais de ensino.

Segundo nos orientam Reverdito e Scaglia (2009) pedagogizar o fenômeno esportivo seria caminhar para além dos métodos, sistematizações, organizações e procedimentos, obviamente sem diminuir a importância desses elementos, mas ir além, segundo os autores significaria desenvolver um ensino do esporte para vida, para a humanização dos participantes do processo, desta maneira, o esporte seria uma potencial ferramenta para o ensino de valores e para a construção de uma sociedade mais justa e igual.

Propostas para o ensino do esporte deveria ter como intenção prioritária a formação do indivíduo integral, estimular os alunos a serem autônomos, que respeitem a diversidade e a inclusão e cooperem entre si.

Neste sentido os alunos devem ser estimulados a resolverem os problemas de maneira autônoma, no entanto, para ser autônomo deve ser estimulada a sua autonomia, assim, o desenvolvimento da autonomia seria um dos eixos norteadores das propostas e ações pedagógicas. Além da autonomia, também deve-se privilegiar a diversidade, inclusão e cooperação dos alunos, assim, as ações pedagógicas executadas dever ser constantemente pensadas, refletidas, dialogadas e debatidas para visar e atingir estes objetivos.

Neste sentido, conforme afirmamos em inúmeras vezes neste blog, o aluno deve ser considerado o elemento central do processo de ensino e aprendizado, sobretudo, as ações pedagógicas devem estimular o desenvolvimento integral dos indivíduos por meio do esporte. Afirmamos, propostas bem sucedidas no ensino do esporte permitem que os alunos tenham a compreensão da prática, permitindo-os a reconstruir e ressignificá-la.

Cabe destacar que toda prática pedagógica no esporte deveria partir dos princípios estabelecidos pelo prof. João Batista Freire: "ensinar esporte a todos, ensinar bem o esporte, ensinar mais que esporte, e ensinar a gostar de esporte”.

Conforme Reverdito e Scaglia (2009, p. 136):

o ensino do esporte [...] deverá estar comprometido na mesma forma que qualquer outra disciplina, pois em nada diminui a responsabilidade de formar, portanto, não poderá estar desprovida de princípios e condutas pedagógicas. [...].

As propostas para o ensino do esporte devem se constituídas de práticas pedagógicas mais humanizadoras e para a vida, esta perspectiva é precisa e decisiva para o futuro breve, mas para isso ser possível o professor deve refletir e formular ações práticas que estimulem o ensino inovador (para além do reducionismo), valorizem o processo e priorizem os alunos que aprendem.


Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O ensino do esporte a partir do TGFU, uma possibilidade de maior imersão dos alunos nas aulas

 


Texto escrito por José Martins Freire Júnior

De acordo com Castro, Giglio e Montagner (2008), muitos modelos têm como objetivo a compreensão da tática, a ocupação dos espaços e o desenvolvimento das habilidades dentro do contexto do jogo, sendo assim, se tornam peças fundamentais para um aprendizado significativo.  Nesse sentido o jogo gera alegria, tensão, incerteza, imprevisibilidade, ordem e desordem, sendo seriamente encarado por seus participantes. O jogo possui características antagônicas caracterizadas por ser um sistema fora de controle e do poder coercitivo do professor (LEONARDO; SCAGLIA; REVERDITO, 2009). 

A incerteza do jogo, a busca pelo inédito são fatores de estímulo a participação, porém dentro do ambienta escolar, essa participação deve estar pautada de conhecimentos, e não somente jogar pelo puro prazer de jogar. 

O jogo é um fenômeno cultural carregado de valores éticos, mas propõe uma suspensão da realidade. O professor tem a possibilidade de organizar práticas pautadas por uma teoria fundamentada no jogo, o qual deve ser realmente jogado para atingir os objetivos e gerar uma prática significativa. Para Castro, Giglio e Montagner (2008), o jogo é considerado como uma ferramenta facilitadora da aprendizagem, pois oferece condições de liberdade de expressão e a busca pela auto superação que os próprios jogadores se impõe, além de possuir caráter lúdico. 

Kroger e Roth (2002) relatam que para aprender o jogo é necessário jogar, sendo assim as crianças devem aprender primeiro a jogar com liberdade, buscando reconhecer e perceber os problemas presentes no jogo.

De acordo com Bolonhini e Paes (2008) Teaching Games for Understanding (TGFU) é apontada como uma forma de ensino contextualizada, que utiliza jogos reduzidos para ensinar o esporte. Tais jogos podem ser com espaços, número de jogadores e tempo  reduzidos, equipamentos e regras adaptadas. Porém, a estrutura tática é muito semelhante, e, com isso, o aluno compreende a lógica do jogo, para que assim seja capaz de dar respostas para as inúmeras situações problema presentes em uma partida.

Portanto, o foco é na compreensão da tática, antes mesmo de se preocupar com o aprendizado do gesto técnico. É importante ressaltar que nesta forma de ensinar o esporte a reflexão coletiva sobre a prática e também a elaboração de estratégias, a verbalização e análise são pontos necessários para a construção do conhecimento, ou seja, ação-reflexão-diálogo-ação e com isso fazer com que os alunos se posicionem criticamente durante este processo. Diante disso, o professor de Educação Física deve intervir fazendo questionamentos para favorecer esse crescimento dos alunos.

Bayer (1986) propões os princípios operacionais, dos quais a conservação da posse de bola, a progressão dos jogadores até a meta adversária e atacar a meta adversária são relatados como os princípios ofensivos. Os defensivos são compostos pelos seguintes pontos: recuperar a posse de bola, impedir e dificultar a progressão dos jogadores e proteger sua própria meta, todos estes princípios de acordo com o autor são muito importantes na montagem dos jogos para os alunos e estão totalmente interligados entre os esportes coletivos.

Sendo assim é necessário que professor esteja consciente sobre a importância do planejamento das atividades esportivas e da utilização de uma metodologia de ensino, partindo do conhecimento prévio dos alunos para que, ao mediar um novo aprendizado seja ele motor, cognitivo ou afetivo-social, a bagagem de experiência destes alunos, acumulada ao longo dos anos e adquirida em diferentes espaços educacionais, possa auxiliá-los durante as aulas de Educação Física escolar. Desse modo, a criança é vista como um ser cultural que vai sendo formado e “moldado” a partir das influencias de seus pais, de familiares, do ambiente escolar, do meio no qual está inserido e das atividades motoras, como: jogos, brincadeiras dentre outros (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).

Para uma aprendizagem significativa dos alunos, os docentes têm que saber diferentes formas de ensino, desta forma os estilos de ensino também são importantes estratégias para os docentes, para a continuação do trabalho abordaremos essa segunda. 

 

O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro (ESC) e da UNISAL/Lorena.


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


Acreditamos no poder transformador do esporte. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O professor não é treinador, o treinador não é técnico e o técnico não é professor


Texto escrito Gabriel Silva
A julgar por suas atribuições, essas três figuras no processo do ensino-aprendizagem correspondem a elementos diferentes. Embora, em muitas realidades uma mesma pessoa exerça as três funções, há diferenças entre elas que precisam ser discutidas e refletidas para que não ocorram distorções de suas práticas.

O professor na condição de educador tem a finalidade de transmitir conhecimentos a seus alunos, considerando os aspectos conceituais (teoria da modalidade), procedimentais (execução dos movimentos) e atitudinais (valores sociais). Esta é a função tão importante na formação vital que um deslize deste profissional pode comprometer todo o planejamento dos demais profissionais, mesmo que às vezes seja ele próprio.

O treinador por sua vez, está presente principalmente nas abordagens tecnicistas, que consiste em preparar a equipe ou o grupo para eventuais competições e torneios. Neste processo, o profissional encarregado desta tarefa tem o dever de capacitar individualmente e coletivamente o respectivo elenco. Contudo, é necessário avaliar em qual cenário está inserido e quais objetivos que aquela realidade possui.

Por exemplo. Se tratando no âmbito escolar, dificilmente terá a diversificação nestas três funções. Já que é o profissional da Educação Física que conduz as aulas e a escola aos campeonatos inter escolares. Além disso, é o professor que seleciona os representantes da escola e colégio respeitando os critérios pedagógicos. Porém, quando o mesmo passa a condição de treinador, isto é, treina o time para determinada competição é necessário refletir o que valerá mais: título ou conhecimento. Com base nisto se inicia o planejamento para que o conjunto da obra seja de antemão organizada e sistematizada.

Os mesmos conceitos se aplicam também a projetos socioesportivos, clubes e até alto rendimento dependendo das circunstâncias.

Após estas duas fases, chega-se a terceira, ser técnico. Ser técnico, não basta apenas ensinar valores do esporte ou atingir boa performance da equipe. É necessário se tomar boas decisões em frações de segundos. O jogo começa, o árbitro inicia a partida e dali em diante sua cabeça vira um turbilhão de informações, tendo que ignorar todos os estímulos externos e se concentrar exclusivamente nos movimentos dentro do campo de jogo. É ele quem ditará a diretriz que seu time seguirá durante a partida. Suas análises, orientações, apontamentos precisam ser em tempo recorde. Com referência nestas informações se chega a uma certeza: esta última etapa é que fará todas as outras serem valorizadas.

A vista disso, o profissional terá que incorporar o professor, treinador e técnico. Todavia, respeitando o momento e saber qual das figuras a exercer em determinados ocasiões, mesmo que isso gere a incompreensão externa. Com efeito, a fidelidade ao planejamento e as estratégias te servirá de eixo para se alcançar os objetivos de seu grupo e conseguir utilizar o esporte de maneira benéfica ao bem individual e coletivo.

Gabriel Silva é licenciado em educação física pelo Centro Universitário Módulo e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal procura contribuir na formação de crianças e adolescentes de Ubatuba/SP. 
prof.gabrielsilva@outlook.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Um diálogo sobre o esporte educacional e social

 

Texto escrito por Téo Pimenta

O esporte foi um dos grandes fenômenos socioculturais do século 20, é importante ressaltar seu significado e relevância, em especial como ferramenta educacional, algo com grande potencial, assim, os métodos de ensino devem ser constantemente aprimorados e adequados para os locais de atuação do profissional.

Esta é uma discussão importante e que requer uma observação relacionada ao contexto de ensino, no entanto, nem sempre esta lógica foi seguida, gerando conflitos na organização do esporte, e questionamentos das funções pedagógicos e educacionais, estes são pontos centrais para a organização metodológica do ensino.

Em sua essência a prática esportiva reproduz uma lógica capitalista que apresenta ênfase na vitória, competição, consumo, alienação, agora pensamos como atingimos propósitos referentes a construção da cidadania, em muitos casos, são assuntos relegados a um segundo plano. É necessário refletirmos e dialogarmos sobre estas questões, pois, para o esporte ser destinado a fins sociais e educacionais deve ser modificado para tal. 

A educação física vem trilhando um caminho neste sentido, desde a formação do profissional que irá atuar no contexto educacional, sobretudo dentro da contexto escolar, cabe destacar que esta perspectiva ainda vem sendo construída e a primeira atitude foi romper com práticas que tratavam o esporte como conteúdo exclusivo da educação física escolar, conforme observamos em outros períodos históricos. Documentos como o PCN (1998) e mais recente com a contestada BNCC (2018), fizeram que grande parte dos profissionais buscassem por práticas diversificadas no sentido corporal que proporcionem variação de movimentos e que possibilitem abordassem outros conteúdos em suas aulas. 

Uma outra questão importante, no entanto, pouco debatida, diz respeito as instituições formadoras de professores, que deveriam estimular os profissionais a terem práticas mais aprofundadas e humanizadas, não formar apenas para atender o desenvolvimento das demandas dos aspectos técnicos da educação física, ou seja, devem formar para além desta perspectiva, não visando apenas as demandas do mercado de trabalho.

Faz-se necessário uma maior aproximação entre as instituições formadoras e as entidades públicas e privadas para um diálogo e formulação de projetos esportivos construídos a partir de bases didático-metodológicas, assim, em conjunto, construir métodos personalizadas, sistematizadas, organizadas, eficazes e eficazes que atendam as diferentes dimensões do esporte.

Não cabe mais, no contexto moderno, propostas que enfatizem a especialização precoce, processos de exclusão, práticas pedagógicas sem o devido aprofundamento científico, sem aprofundamento, ou seja, que restrinja o desenvolvimento humano. 

Assim, devemos buscar novos sentidos para o esporte, seja no âmbito esportivo, social ou educacional, embora, acreditamos os valores não sejam desvinculados. Por fim, é papel das instituições e entidades estimular a construção de práticas metodológicas mais refletidas, organizadas e sistematizadas procurando romper com o autoritarismo e elitismo das práticas tradicionais de ensino, assim, norteando diálogos que possam se converter em projeto diferenciados, inovadores e sobretudo singulares.


Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O jogo como meio para o ensino dos esportes

 


Texto escrito por José Martins Freire Júnior 

De acordo com Costa e Nascimento (2004), o método global é caracterizado pela situação de jogo, por este motivo gera um alto nível de motivação. Com isso, alguns professores tentam justificar a utilização do jogo propriamente dito a todo o momento. Sendo assim, utilizar sempre essa possibilidade, ou seja, colocar apenas o modelo de esporte de alto rendimento nas aulas de Educação Física e permitir que os alunos exclusivamente só joguem, sem uma intervenção adequada e efetiva por parte do educador, poderá colaborar para que haja um aprendizado insatisfatório.

A singularidade dos indivíduos faz como que as salas sejam heterogêneas, portanto o ensino não pode ser homogêneo, sempre o mesmo, devido a diferença individual, uns aprendem só jogando outros não, sendo o método global amplo, que não se restringe ao jogo de forma acabada, o profissional dentro desse método em questão, pode criar variáveis que atendam o anseio de todos os discentes.  

Para Barroso e Darido (2006) o esporte como conteúdo da educação física escolar possui muitas características que podem ser exploradas pelos professores e alunos. Diante disso, não devem ficar restritos aos movimentos e técnicas necessárias a prática esportiva e também não ter um olhar diferenciado apenas para os mais habilidosos, sendo assim é essencial ofertar condições a todos os alunos, independente das diferenças físicas e motoras.

Por vezes os professores pulam as etapas do aprendizado dos jogos esportivos coletivos e vão direto para o jogo, criando frustrações dos professores/técnicos e ainda formação de alunos dependentes, pois tais educadores não estimulam as reflexões dentro das práticas corporais propostas nas aulas. (VENDITTI JÚNIOR; SOUSA, 2008)

A dependência desse aluno se dá no campo de entender o novo, sendo que cada ação do jogo e da vida são inéditas, o deparar com o desconhecido é rotineiro, por tanto se o aluno/indivíduo não for educado em prol da autonomia versará no momento de tomada de decisão em situações que desconhece. 

Castro, Giglio e Montagner (2008) apontam o jogo como uma ferramenta muito interessante para o aprendizado dos esportes coletivos, pois existem várias semelhanças funcionais, além de ter uma grande transferência do aprendizado para outras modalidades esportivas e para a própria modalidade objetivada.

Os jogos esportivos coletivos fazem parte da cultura do país e é um excelente meio para a formação dos cidadãos, nesse sentido a prática deve ser realizada de forma criteriosa, sadia e com objetivos claros (PIMENTEL; GALATTI; PAES, 2010). Por tanto o profissional de Educação Física tem que chamar atenção dos alunos para as práticas esportivas através de recursos pedagógicos diferenciados, que os motivem a participar das aulas de conteúdo esportivo (VENDITTI JÚNIOR; SOUZA, 2008).


O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro - ESC e da UNISAL/Lorena.


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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Educação física e pedagogia lado a lado


Texto escrito por Gabriel Silva e Thais Paiva

São diversos os benefícios que a prática de educação física e conteúdos da pedagogia traz para a vida do ser humano, contribuindo para o seu desenvolvimento, melhorando suas habilidades, promovendo saúde e bem estar. Nesse sentido, a prática de esportes é geralmente iniciada dentro da escola, sendo este, um ambiente propício e acolhedor. A escola tem como atividade fim, promover o desenvolvimento integral dos indivíduos, em seus aspectos físicos sociais e cognitivos.

A educação física, o ensino do esporte, a pedagogia contribuem para o entendimento das regras e de organização, levando educandos a compreender que para se chegar a determinados objetivos é preciso seguir algumas instruções. Outro fator de suma importância é a possibilidade que as práticas esportivas levem ao entendimento de que na sociedade, atitudes individuais podem gerar resultados coletivos.

Na educação infantil as práticas em relação ao movimento corporal são desenvolvidas através dos jogos e brincadeiras, apesar de não contar com a presença do profissional de educação física, a pedagogia e educação física precisam estar lado a lado, para promover o desenvolvimento integral e eficaz das crianças. Elas se complementam e se inter-relacionam nas práticas individuais de cada uma dessas áreas do conhecimento.

Justificativa desta possibilidade de complemento é a utilização de manifestações corporais (geralmente aplicado na Educação Física) como estratégia para estender o nível do ensino aprendizagem, isto é, a partir da ludicidade ensinar conteúdos de atribuição da pedagogia, bem como matérias gerais: matemática, geografia, português, entre outras.

Exemplo: durante a brincadeira “pega pega”, pedir ao aluno capturado dizer algum estado do País, cidade, ou até bairro da região. Outra possibilidade: antes de uma partida de queimada a equipe que responder primeiro a uma pergunta de português realizada pelo profissional da Educação Física poderá optar entre bola e campo.

Mas estes estímulos de conhecimentos são importantes estar coerentes com a realidade dos ensinamentos gerais pedagógicos, e isto não cabe somente dentro da escola, mas em clubes e projetos sócio-esportivos. Para isso é necessário comunicação com as equipes pedagógicas da qual os educandos atuam.

O profissional da Educação Física tendo um parâmetro dos conhecimentos que os educandos estão construindo com seus pedagogos, gera ideias mais claras de atividades a serem desenvolvidas.

Perceba, que a Educação Física e o ensinamento do esporte não perde sua essência, pelo contrário ganha força ao se juntar com a pedagogia. Além do que também pode ocorrer o inverso: dentro das salas de aula, os pedagogos promoverem estratégias para que alguns conceitos do esporte seja construído com os alunos. Desta maneira com as variáveis positivas que o planejamento de ensino possibilita, pode ser ideal para alavancar o nível de aprendizagem dos alunos/atletas.


Gabriel Silva é licenciado em educação física pelo Centro Universitário Módulo e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal procura contribuir na formação de crianças e adolescentes de Ubatuba/SP.

prof.gabrielsilva@outlook.com



Thais Paiva
 é licenciada em Pedagogia pelo Centro Universitário Módulo, Pós-graduanda em Educação Especial.

thais.p.paulino@gmail.com

 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O ensino híbrido e os desafios do professor na atualidade


Texto escrito por Téo Pimenta

O trabalho do professor na atualidade passou por rápidas e profundas transformações, já havia se observando que trabalho do professor, de um modo geral, vinha se modificando, na verdade, todas as áreas e campos de intervenção vem passando por um processo de mudanças que se acentuaram com a pandemia. 

Todos os campos de conhecimento sofreram impactos com a pandemia e tiveram que se reorganizar para realizar e cumprir suas metas de atuação, desta forma, todos tiveram que reaprenderam. Com o professor foi da mesma forma, tivemos que repensar novas estratégias, estabelecer outras metas didático-pedagógicas e utilizar outros recursos para as aulas.

Se formos pensar o cerne da questão o trabalho do professor se modificou porque cada a cada geração de aluno se diferencia, neste sentido, não teria como não ser de outra forma e novas tendências e métodos de ensino vão surgindo e ganhando espaço, assim, propostas que tem o aluno como elemento central do processo de ensino-aprendizagem, há um impacto na constituição das ações e estratégias pedagógicas. 

É fato que o aluno de hoje é diferente, assim, requer a necessidade de se estabelecer novas e diferentes relações, observamos isso a cada geração de novos alunos, assim, um contexto que estimula o desenvolvimento tecnológico o aluno inserido neste universo possui uma tendência de ser mais ligados a estas questões. 

A realidade é que estávamos vivendo um momento de profundas transformações, iniciadas no século passado e intensificadas no momento atual de pandemia, que nos trazem intensa modificações e inúmeras reflexões. 

Imaginem que estão falando em um ensino híbrido na educação física escolar,  há um certo exagero e imediatismo, mas, se seguirmos nesta lógica é possível termos uma educação física a distância na escola. Ninguém imaginava isso num passado recente, não temos a certeza se isso irá acorrer, mas se formos pensar, a partir de análise, chegamos a conclusão de que tudo pode ser possível neste país. 

Temos que questionarmos a forma que está sendo feita a introdução de propostas de ensino híbridos, visando apenas o desenvolvimento do capital em detrimento do humano. 

Este momento de mudanças proporcionou ao professor aprendizado, na educação física, sobretudo no ensino do esporte, demonstrou que é necessário possuir muito conhecimento e uma capacidade ainda maior de gerenciamento das atividades, no entanto, este momento demonstrou que sem o desenvolvimento da autonomia do aluno nada seria possível. Alguém imaginou que transmitiríamos atividades por celular, via aplicativo, aula por videoconferência entre outras possibilidade e plataformas. Alguém poderia imaginar que estaríamos vivendo isso hoje? A cinco anos atrás pensaríamos em mandar um vídeo ao nossa turma de alunos?

Há inúmeros questionamentos, em especial num país desigual como o Brasil, sendo o mais pertinente e pontual no momento, será que todos os alunos brasileiros tem acesso à internet, sabemos que não. Esta realidade por si só é um ponto de dificuldade e que teria que ser solucionado imediatamente para a introdução de um ensino híbrido. 

Com o ensino hibrido o professor aumentou sua demanda de trabalho, as 8 horas diárias tradicionais se transformam em 10 ou 12 horas, trabalha-se final de semana, manhã, noite e até na madrugada. Temos que pensar que como os alunos nem todos os professores possuem acesso a internet e tem equipamentos disponíveis para as aulas. 

Mesmo assim, dentro deste contexto, os professores seguem buscando fazer o seu melhor, se desdobrando para mantém o padrão de ensino, agora dentro de um espaço virtual de trabalho. Levanta-se alguns questionamentos com relação as instituições de ensino, elas estão contribuindo e colaborando para as relações o desenvolvimento do trabalho e para um ambiente saudável? 

E no universo esportivo, nos aspectos relacionados ao ensino-aprendizado-treinamento, como estão se dando estas relações no contexto híbrido?  

Cabe ao professor de esporte administrar e conduzir o trabalho pedagógico, agora por meio de atividades remotas, as metas continuam as mesmas, buscar formar o cidadão num primeiro momento e na sequência contribuir na formação esportiva dos alunos. No entanto, se utilizar das ferramentas virtuais de ensino trata-se de uma tarefa desafiadora que seguramente veio para ficar e somar no processo de ensino-aprendizado-treinamento, no entanto, temos que sermos vigilantes e questionarmos o seus limites dentro do processo, para não cairmos na armadilha de sermos meros reprodutores e aplicadores de novas tecnologias sem as devidas críticas.  


Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Modelo para ensinar-aprendizagem-treinamento do esporte


Texto escrito por José Martins Freire Júnior 

Existem alguns métodos para o ensino-aprendizagem das técnicas das modalidades propriamente ditas, e para o ensinamento dos fundamentos, com isso, podemos citar alguns métodos de ensino tradicionais, como método parcial, global entre outros. 

O método parcial é caracterizado pela utilização de exercícios desvinculados do contexto do jogo no processo de ensino, que consiste em ensinar determinada modalidade esportiva através da repetição dos movimentos e técnicas específicas dos esportes.  Nesse método dedica-se a maior parte do tempo ao aprendizado das partes em detrimento da prática do todo (jogo). É interessante lembrar que no contexto histórico da Educação Física o método parcial foi e ainda é muito utilizado, desse modo, o professor se mantém em uma posição de único responsável pela montagem, duração e modificação dos exercícios e, portanto, é apontado como a figura central do processo de ensino (DARIDO; BONFOGO, 1993). 

Há uma contínua evolução dos esportes, sendo que a cada dia surgem novas possibilidades e novos métodos para melhor atender o interesse dos alunos. Porém o modelo tecnicista ainda é utilizado na maioria das vezes pelos professores, talvez por acreditarem na alta eficácia desta proposta. No entanto existem novos modelos de ensino dos esportes que não visem somente o gesto técnico (CASTRO; GIGLIO; MONTAGNER, 2008).

O tecnicismo ainda é priorizado por muitos docentes, que não enxergam o processo de educação de forma democrática, pois querer centrar o poder em si, torna-se o ensino tanto quanto autoritário, como já descrito, o discente tem que estar no papel de protagonista de seu aprendizado e não na situação de coadjuvante. A dialética deve ser a priori no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, a troca de conhecimento se faz necessária ocorrer entre ambas as partes, professor/aluno, para chegarmos naquilo que Paulo Freire entende como uma educação transformadora e não uma educação bancária, na qual o docente somente deposita o conhecimento ao seu discente. 

Outro método importante apontado por Darido e Bonfogo (1993) para o processo de ensino aprendizado dos esportes é o método global, sendo visto como uma maneira de ensinar por meio do todo (jogo), deste modo é possível ter uma maior valorização da construção do conhecimento, sendo que o professor pode ter contribuições e intervenções importantes em relação ao respeito ao adversário, às regras e também propiciar a aprendizagem das estratégias e os aspectos intrínsecos ao jogo. 

Alertamos que esse método não é simplesmente “jogar por jogar”, ele trabalha o aluno por meio de jogos, mini jogos, jogos pré-desportivos, entre outros, com a constante presença do professor, fazendo intervenções, mediações a todo o momento que for necessário. Pois o deixar jogar não é sinônimo de método global. 

Como ponto positivo do método em questão, podemos afirmar que o mesmo é muito estimulante para os discentes. 

Greco, Benda e Ribas (2001) propõem o ensino-aprendizagem-treinamento, é modelo com uma maior abrangência que os métodos de ensino, pois, de acordo com os autores, este modelo pode formar o aluno para a prática esportiva e para a vida, fazendo com que a criança incorpore a atividade física em seus hábitos. 

Este modelo é dividido em nove fases: (1) pré-escolar até os 6 anos, (2) universal dos 6 aos 12 anos, é a mais ampla e rica dentro do processo de formação esportiva, (3) de orientação, iniciando por volta dos 11 e 12 anos e perdura até os 13- e 14 anos, (4) de direção, sendo iniciada por volta dos 13 – 14 anos e vai até os 15-16, podendo começar o aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma modalidade esportiva, importante participar de outras modalidades esportivas complementares. (5) de especialização iniciando aos 15-16 e se prolonga até os 17-18 anos, (6) de aproximação, na qual abrange dos 18 aos 21 anos, podendo ocorre uma possível transição para a carreira esportiva. As outras três fases são: (7) de alto nível, (8) de recuperação e (9) de recreação e saúde (GRECO; BENDA; RIBAS, 2001).

Ressaltamos a contribuição de Korsakas e Rose Júnior (2002), que traz à tona a ideia do princípio educativo. Para ambos alguns princípios são importantes ao ensinar o esporte, como a heterogeneidade, por exemplo, colabora com o enriquecimento do processo de aprendizagem. Ela se apoia na co-educação que significa uma transformação recíproca, ou seja, uma criança que domina um conteúdo auxilia no aprendizado de outra, ou seja, meninos e meninas desenvolvendo as atividades juntos. Com isso o professor mediador pode enfatizar a união dos esforços dos alunos para as conquistas de metas em comum, pois os indivíduos aprendem e ensinam quando se envolvem, se comunicam e trocam aprendizados.



O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro - ESC e da UNISAL/Lorena.


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