quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A importância de parceria entre educador físico e psicólogo do esporte


Texto escrito por Gabriel Silva e Laís Matos

No âmbito esportivo, é comum ver atletas, não somente os de alto rendimento, apresentarem comportamentos que são considerados como inadequados pela ótica da ética, socialização e respeito. Esses comportamentos podem ser justificados por conflitos internos (mau gerenciamento das emoções) e por conflitos de relacionamento intragrupal (entre os membros da equipe). A falta do manejo das emoções, da ansiedade, bem como a falta de estimulação de habilidades cognitivas e sociais, podem afetar diretamente no desempenho esportivo.

O esporte é um fenômeno econômico e social que tem papel fundamental na formação humana e por mais que ele por si só possa ser utilizado como ferramenta de educação psicossocial nem sempre será suficiente para todas as questões. A prática esportiva desperta emoções, sentimentos, estados de humor de uma forma única. É nessa hora que se vê a importância do profissional da Psicologia do Esporte atuar em conjunto com o Educador Físico. Segundo Bompa (2002) o treinamento psicológico é fundamental para garantir desempenho físico, disciplina, confiança e coragem, características extremamente importantes para o ser humano.

No esporte precisamos tratar não somente o indivíduo, mas o funcionamento dos membros enquanto equipe, incluindo, por exemplo, esportes de desempenho individual (como natação) em que o atleta ainda assim não está sozinho, ele tem uma equipe de suporte que deve ser incluída no contexto, bem como em todos os outros casos de esportes coletivos. O ideal seria ter a presença do profissional especializado na área esportiva para fomentar estas questões. Mas o que ainda impede parcerias de maior extensão no esporte entre profissionais dessas duas áreas? Seja no âmbito escolar, clubes ou projetos sócio-esportivos? Será pela falta de recursos financeiros? Desconhecimento da importância de se trabalharem juntos? Ou apenas resistência?

Tite, treinador referência no futebol brasileiro, logo depois de assumir a seleção brasileira disse: “demora muito tempo para os jogadores e a comissão técnica abrirem o coração para um psicólogo” Globoesporte.com (2015). Podemos concordar com essa afirmação, considerando que existe uma resistência humana natural em falar de si mesmo, e de que cada um tem sua individualidade que deve ser priorizada no tratamento, esse processo pode e deve demandar o tempo que for necessário, além das questões grupais que precisam ser elaboradas e organizadas. E, se parar para pensar, toda conquista requer pequenos passos, anos de treino para ganhar uma copa, uma olimpíada, e porque não se esforçar para ser uma pessoa emocionalmente melhor?

Convenhamos, ainda existe um preconceito grande com a área psicológica no esporte, até que esta seja a última esperança. E te pergunto, porque esperar chover para pensar em se preparar para se proteger da chuva, se você já tem todos os sinais de que vai chover? Ou seja, porque esperar o emocional dos educandos ou do próprio profissional se desgastar por completo para começar a se atentar a ele? No olhar da atual sociedade imediatista que temos com respostas rápidas para questões complexas, parece inviável investir em cuidados para algo que está em funcionamento. Por isso, é importante olhar com mais carinho a psicologia do esporte no contexto esportivo e buscar meios para que esta parceria não seja apenas um desejo, mas uma realidade.


Gabriel Silva é licenciado em educação física pelo Centro Universitário Módulo e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal busca contribuir na formação de crianças e adolescentes de Ubatuba/SP. 

prof.gabrielsilva@outlook.com


Laís Matos é licenciada em Psicologia pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), e estudante da Psicologia do Esporte. Atua na prática clínica na cidade de Ubatuba – SP.

psicolaismatos@gmail.com

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