quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O professor não é treinador, o treinador não é técnico e o técnico não é professor


Texto escrito Gabriel Silva
A julgar por suas atribuições, essas três figuras no processo do ensino-aprendizagem correspondem a elementos diferentes. Embora, em muitas realidades uma mesma pessoa exerça as três funções, há diferenças entre elas que precisam ser discutidas e refletidas para que não ocorram distorções de suas práticas.

O professor na condição de educador tem a finalidade de transmitir conhecimentos a seus alunos, considerando os aspectos conceituais (teoria da modalidade), procedimentais (execução dos movimentos) e atitudinais (valores sociais). Esta é a função tão importante na formação vital que um deslize deste profissional pode comprometer todo o planejamento dos demais profissionais, mesmo que às vezes seja ele próprio.

O treinador por sua vez, está presente principalmente nas abordagens tecnicistas, que consiste em preparar a equipe ou o grupo para eventuais competições e torneios. Neste processo, o profissional encarregado desta tarefa tem o dever de capacitar individualmente e coletivamente o respectivo elenco. Contudo, é necessário avaliar em qual cenário está inserido e quais objetivos que aquela realidade possui.

Por exemplo. Se tratando no âmbito escolar, dificilmente terá a diversificação nestas três funções. Já que é o profissional da Educação Física que conduz as aulas e a escola aos campeonatos inter escolares. Além disso, é o professor que seleciona os representantes da escola e colégio respeitando os critérios pedagógicos. Porém, quando o mesmo passa a condição de treinador, isto é, treina o time para determinada competição é necessário refletir o que valerá mais: título ou conhecimento. Com base nisto se inicia o planejamento para que o conjunto da obra seja de antemão organizada e sistematizada.

Os mesmos conceitos se aplicam também a projetos socioesportivos, clubes e até alto rendimento dependendo das circunstâncias.

Após estas duas fases, chega-se a terceira, ser técnico. Ser técnico, não basta apenas ensinar valores do esporte ou atingir boa performance da equipe. É necessário se tomar boas decisões em frações de segundos. O jogo começa, o árbitro inicia a partida e dali em diante sua cabeça vira um turbilhão de informações, tendo que ignorar todos os estímulos externos e se concentrar exclusivamente nos movimentos dentro do campo de jogo. É ele quem ditará a diretriz que seu time seguirá durante a partida. Suas análises, orientações, apontamentos precisam ser em tempo recorde. Com referência nestas informações se chega a uma certeza: esta última etapa é que fará todas as outras serem valorizadas.

A vista disso, o profissional terá que incorporar o professor, treinador e técnico. Todavia, respeitando o momento e saber qual das figuras a exercer em determinados ocasiões, mesmo que isso gere a incompreensão externa. Com efeito, a fidelidade ao planejamento e as estratégias te servirá de eixo para se alcançar os objetivos de seu grupo e conseguir utilizar o esporte de maneira benéfica ao bem individual e coletivo.

Gabriel Silva é licenciado em educação física pelo Centro Universitário Módulo e idealizador do Projeto Joga Mais que a partir da prática do futsal procura contribuir na formação de crianças e adolescentes de Ubatuba/SP. 
prof.gabrielsilva@outlook.com

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