sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A Iniciação Esportiva em foco

 


Texto escrito por Téo Pimenta

A Sociedade Brasileira de Pediatria indicou que sete anos seria a idade ideal para se iniciar no esporte, embora, sabemos que há modalidades que inicia a criança  muito antes disso, porém, não estamos interessados em bater o martelo em qual idade seria a ideal para a criança se inserir no esporte, mas sim, a forma como se dá esta entrada no esporte. 

Na verdade seria necessário pensar na entrada e permanência no esporte, cumprindo todas as etapas do processo, assim, tornando-se um adulto ativo, porém está é uma outra história, um tanto quanto complexa porque envolve outros fatores. Voltamos ao nosso questionamento, refletindo alguns pontos para que possamos entender os fatores limitantes e potencializadores da permanência das crianças no esporte, da forma mais saudável possível, especialmente na iniciação esportiva, momento que entendemos ser crucial para a permanência no esporte.

Uma dos principais limites para a permanência no esporte, que temos que ter uma devida preocupação seria com relação a especialização precoce, que causa sérios danos individuais e para o esporte. Algumas experiências relatadas por profissionais do ensino do esporte apontam que há uma possibilidade dos indivíduos adquirem uma limitação motora, poucos experiências corporais, restrição na construção de um vasto vocabulário motor, desmotivação e evasão das práticas esportivas. 

Seria pertinente intensificar o debate sobre as ações dos professores inseridos no ensino do esporte para que possibilitem a obtenção de intervenções mais eficazes e qualitativas relacionadas ao ensino nestes contextos, para que possam aumentar expressivamente a diversificação das experiências motoras das crianças e que estas vivências possam ser bem-sucedidos e saudáveis no contexto esportivo. 

As atenções deveriam ser voltadas ao planejamento das ações pedagógicas que rompam com a reprodução de atividades descontextualizadas com o universo da criança, desta forma, poderia surtir um efeito positivo na permanência das crianças. Deve-se inserir as crianças no seu universo lúdico e lhe proporcionar prazer, seria pertinente adotar estas estratégias para o ensino do esporte. Procurando desenvolver e construir atitudes necessárias para a condução de intervenções voltadas para crianças, evitando momentos de desmotivação e evasão das atividades esportivas, o fato é, se as crianças não gostarem das atividades sugeridas, não haverá desejo de permanecerem no esporte.

Uma ênfase na execução do movimento técnico perfeito não seria algo prioritário, em especial na etapa da iniciação esportiva, embora muitos professores adotem tais práticas, no entanto, o que observamos no cotidiano das práticas são atividades que exacerbam o desenvolvimento técnico nesta etapa do ensino, as consequências seriam momentos de monotonia e desmotivação por parte dos participantes das atividades. Não queremos incorrer no erro de generalizações, é óbvio que há muitos professores buscando práticas pedagógicas diferenciadas e prazerosas na iniciação esportiva, procurando por aperfeiçoar suas competências pedagógicas. 

Cabe ressaltar, em iniciação esportiva devemos respeitar a vontade da criança, observa-se que em muito dos casos os pais direcionam seus filhos a prática esportiva a partir dos seus desejos, por exemplo se é praticante de futebol encaminha a criança a esta atividade, sem uma devida consulta a criança, não há uma conversa sobre se há uma vontade ou desejos da criança. Antes de tudo, os pais devem respeitar o direito de escolha da criança. Neste caso, a motivação tende a ser maior se partir da decisão da criança querer participar de uma determinada prática esportiva. Seria um bom começo e poderia gerar uma motivação necessária. Além do mais, os pais não podem pressionar as crianças, cabe a eles torcerem e incentivá-las. 

Cabe ao professor o papel fundamental de orientar a criança neste processo e observar o desenvolvimento infantil. A criança tem que ser vista como o elemento central de todo o processo de ensino e aprendizado no esporte. Deve-se promover atividades vinculadas as estratégias lúdicas tendo o brincar com o cerne da construção do conhecimento infantil. Assim, a partir dos estímulos a criança terá a oportunidade de se desenvolver de forma natural. Quando a abordagem for a partir desta perspectiva, o modelo de método para a iniciação esportiva apresenta o professor, com todo o seu conhecimento e experiência, como um mediador do conhecimento e suas intervenções, que serão refletidas, dialogadas, planejadas e organizadas, um fator potencializar e que contribuirá para o desenvolvimento da criança. 

Estimular as crianças ao esporte constitui-se como um dos grandes desafios do professor de educação física. Refletindo dentro desta lógica queremos cada vez mais crianças inseridas e motivadas na pratica esportiva. Assim, damos nossa contribuição aos desenvolvimento do esporte e podem aumentar as chances de uma maior permanência das crianças nas práticas esportivas.

Por fim, deixamos um questionamento do prof. Enrique Cimaschi (2019) pertinente a esta reflexão “do que adianta termos campeões no sub 10, 11 ou 12, se no sub-15 muitos destes não estarão mais dispostos a participarem de competições esportivas”. 


Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


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