quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Estratégias para ensinar o esporte


Texto escrito por José Martins Freire Júnior 

A Educação Física tem buscado, ao longo dos anos, avançar e superar os modelos dominantes da área, tecnicismo e esportivismo, contudo, o cotidiano escolar ainda é composto por práticas esportivas que produzem fortemente estes modelos (CORREIA, 2006).

Percebe-se a presença de tais modelos nas aulas de educação física escolar, pois em sua grande maioria, os profissionais dão ênfase às técnicas esportivas, e com isso os alunos são ensinados através de exercícios que buscam aprimorar a técnica necessária para tal prática. No entanto, vale lembrar que o indivíduo é um ser sociocultural e as aulas voltadas apenas para a técnica esportiva colabora para a fragmentação da formação integral dos mesmos e alguns aspectos importantes não são desenvolvidos, como: respeito mútuo, a cooperação e afetividade que são a base para viver em sociedade (GUIMARÃES, et al., 2001).

Em oposição aos modelos dominantes (tecnicismo, esportivista e o biologista) começam a surgir na década de 70 novas abordagens com o intuito de trazer uma maior ação e reflexão da educação física e com isso tentar atender às diferentes dimensões do ser humano. Algumas abordagens foram bem impactantes: a psicomotora, a construtivista, a desenvolvimentista e as abordagens críticas, que puderam colaborar para ampliação das práticas pedagógicas educacionais e também a visão da área em relação aos possíveis conteúdos a serem ensinados (BRASIL, 1998). 

O PCN nos lembra que "em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou- se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. (1997, p.22)

A história nos conta que nesse período a educação física escolar, continuou com seu enfoque na aptidão física, também não pudera ser diferente, pois o país se encontravam em meio ao período mais sombrio de sua história, estávamos em plena ditadura militar. O esporte nessa época era usado pelos governantes como produto de massificação e alienação da população brasileira. 

Abro um parêntese para relembramos e elucidarmos o que foi dito, tomando como exemplo o programa “Esporte para Todos”, o EPT, programa de cunho político, que foi uma manobra eficaz de alienação da população através do esporte. Segundo Castellani Filho (2008),

Foi também no início dos anos 70, que começou a ganhar corpo, o depois conhecido como Movimento “Esporte para Todos”, o EPT... “Braço direito do Desporto de massa, apresentado como uma proposta de esporte não formal, inspirado no quadro teórico da Educação Permanente, encontrou o EPT, campo fértil para sua propagação em nosso país, a partir da necessidade sentida pela classe dominante, de convencer aos segmentos menos favorecidos da sociedade brasileira, de que, o desenvolvimento econômico propalado na fase do “milagre”, tinha correspondente, no campo social (CASTELLANI FILHO, 2008, p. 116).

Retomando o assunto central, infelizmente muitos professores ensinam para seus alunos a exclusão dos menos habilidosos. A trapaça e a falta de respeito são atitudes normais presentes no ambiente esportivo, pois são aspectos importantes para a conquista das vitórias. Além disso, reforça que a justiça, a igualdade de oportunidades, dentre outros valores éticos que podem ser melhorados com a prática esportiva, não são importantes e até podem atrapalhar os triunfos nas competições (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).


O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro - ESC e da UNISAL/Lorena.


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


Acreditamos no poder transformador do esporte. 


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