Texto escrito por José Martins Freire Júnior
Parece que na educação física e esporte há uma dicotomia entre a teoria ligada a visão humanística e a prática relacionada a visão tecnicista. Mesmo com as reformulações dos objetivos, conceitos, planos de aula no ambiente escolar, ainda persiste o modelo tecnicista, no qual visa o aluno como um atleta, um adulto em miniatura e para isso usa o método de ensino-aprendizado-treinamento que desenvolve as atividades por meio da reprodução e repetição, ou seja, sem uma visão pedagógica, metodológica, educacional e formativa (GRECO; BENDA, 1999).
De acordo com Reverdito e Scaglia (2009) a competição escolar deve propor diferentes tipos de tarefas, sejam elas, individuais, coletivas, cooperativas e de oposição. Fazendo com que o aluno vivencie diferentes formas de situação problema. Diante disso, deve ser preconizado a organização da competição, as intenções educativas e metodológicas para que haja uma participação democrática de todos na competição, com isso manter a preocupação relacionada ao processo no qual o aluno aprenda com a competição.
Contudo, o ensino formal ainda utiliza a reprodução do modelo adulto de competição na escola, e assim por ser uma cópia das competições institucionalizadas acarretam a ausência de um tratamento pedagógico voltado a educação do sujeito, há ainda uma falta de compromisso da escola com as competições que acontecem em ambiente escolar. (REVERDITO; SCAGLIA, 2009).
Para Freire (2009) a competição faz parte da vida da criança do adolescente, por tanto esses devem vivenciá-las, o que fica em questão é a forma que a competição é apresentada a esse público:
não se deve confundir o elemento competitivo contido no espírito humano e presente em todas as civilizações com as formas nefastas que a competição adquire em certos momentos da história. Recusar- se a fortalecer, na Educação, a forma depravada com que a competição se manifesta na sociedade tecnocrática é desejável, mas sem negar à criança o direito de exercer e ampliar sua cultura (FREIRE, 2009, p. 138).
O esporte é um produto cultural altamente valorizado, pelo menos no aspecto econômico, pois a cada dia são injetadas quantias volumétricas na busca de melhores resultados. Além disso, a ciência não demonstra grandes interesses no ser humano ou na dimensão social do esporte, mas apenas, tem como interesse os aspectos tecnológicos e a melhora de performance dos atletas, fazendo com que estes se tornem objetos de manipulação que devem aprimorar o físico e a técnica esportiva, deixando o esporte exclusivo para os atletas de elite (KUNZ, 2006).
O professor José Martins Freire Júnior é mestre em educação física e docente nos cursos de educação física da Escola Superior de Cruzeiro - ESC e da UNISAL de Lorena.
O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte.
Acreditamos no poder transformador do esporte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário