Texto escrito por Cibelle Borges
A pandemia além de escancarar as desigualdades sociais, de acesso a tecnologia e acessibilidade das plataformas digitais aumentou os nossos desafios e incertezas enquanto professores. Do dia para a noite nos tornamos equilibristas de pratos. Cada prato representa uma prioridade lembrando que tudo é urgente para aprender e precisamos manter a qualidade. Pesquise um curso sobre programação de vídeo aula, assiste tutorial para aprender as ferramentas digitais, use a conta de e-mail do filho, baixe app para entrar nas reuniões virtuais, não sabe se abre o microfone ou se fecha a câmera porque a internet tá instável e tem medo de digitar no chat com medo de não conseguir voltar da reunião. Pede indicação de site que cria vinhetas, série de podcast, cria canal, solicita seguidores para conseguir fazer lives e interagir com os alunos, assiste lives com diferentes temas pois entender sobre os protocolos e aprendizagem do ensino remoto também é prioridade.
O tempo sentado na cadeira quase que triplicou e o tempo de tela? Será que alguém já calculou? Os verbos agora ampliaram para pesquisar, fuçar, desdobrar, planejar, arriscar, avaliar, incentivar, sensibilizar, inspirar, escutar, acalmar, responder e articular, porque esse movimento é cíclico dia a dia ele recomeça. O tempo de tela e de atenção foi também dimensionado, os dias estendidos e os meses intermináveis. Mentes exaustas e corpos engessados. Vida Ativa? Não está no prato como prioridade. Nosso olhar preocupado e atencioso com os alunos e pais escodem nossos medos e inquietações. Em que momento das nossas reuniões pedagógicas a prática do movimento é uma pauta importante? Qual tempo sobra para olharmos para o nosso corpo, afinal somos também seres integrais?
A oitava competência da Base Nacional Curricular Comum diz em letras garrafais “Auto cuidado e Autoconhecimento. Apreciar-se e cuidar da sua saúde física e mental”. Sabemos que é pensado para os alunos mas parte-se do princípio que nós professores e gestores escolares praticamos, experimentamos e refletimos sobre cada uma delas, mas será que tem acontecido mesmo? Até nos professores de Educação Física precisamos ter o olhar atento para essas questões que fazem parte de uma engrenagem do trabalho Educacional. A brincadeira, a dança, as posições do yoga, da ginástica, das lutas dos esportes devem também ser experienciadas nas nossas reuniões é uma inspiração ao auto cuidado oxigenação para o nosso cérebro que anda exausto de tentar equilibrar os pratos.
É preciso olhar para esses atores da escola e como diz a professora Rosaura Soligo: “todo professor mora dentro de uma pessoa e todo aluno também. E só essa consciência amorosa poderá salvar a escola”. Que possamos olhar com essa amorosidade a quem tem tentado incansavelmente investir em uma educação de qualidade a partir da sua realidade local com os recursos disponíveis.
A professora Cibelle Borges é especialista em Didática pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), subcoordenadora pedagógica do Instituto Esporte e Educação, viaja pelo Brasil dialogando sobre o Esporte Educacional e a Escola Ativa. cibelleborges@gmail.com
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Sou formado em educação física também, apesar de não atuar na área da educação escolar, vejo que a professora Cibele foi cirúrgica com as palavras. Desde a adaptação a nova realidade virtual ao cuidado com o corpo.
ResponderExcluirBelo texto, parabéns!
Obrigado pela leitura, comentário e feedback.
ExcluirÓtimo texto para reflexão da importância da prática do auto cuidado!!!
ResponderExcluirVerdade!
ExcluirCibelle como sempre tem ótimas palavras para descomplicar a Educação Física contemporânea. Ela compartilhou esse estudo com os professores de Educação Física aqui de Parauapebas-PA. Parabéns minha amiga top. Lhe admiro muito.
ResponderExcluirUm abraço a todos amigos professores de EF de Parauapebas/PA.
ExcluirÓtima abordagem sobre essa nova rotina temporária (sem prazo final) que a educação atravessa.
ResponderExcluirNão se restringe apenas a educação, todas as áreas estão sofrendo.
ExcluirExcelente reflexão. Poder se ver Não só como quem equilibra os pratos, mas como quem é fundamental para que os pratos se mantenham equilibrados. Se ver, mas do que nunca é um ato necessário de amor por si e pelos outros. Parabéns professora.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário!
ExcluirSinceramente, e aqui vou falar abertamente, sou um apaixonado pelo movimento, tudo que inclua movimento e movimento de qualidade, eu apoio, agora entrar com tecnologias e subtrair o movimento, não concordo, e não tenho nada contra a tecnologia, muito pelo contrário, só acredito que o movimento de qualidade é a prioridade, a tecnologia vem depois, e em se tratando de escola Pública, tenho que incluir, se for possível. A Educação física é essencialmente prática, pois os benefícios do exercício físico só surgem com a prática. Se você realmente quer ajudar alguém, comece ajudando a sim mesmo, aí será capaz de compreender os outros.
ResponderExcluirExatamente, concordamos com você.
ExcluirÓtimo texto e reflexão muito pertinente ao que estamos passando. Para que o professor possa exercer bem sei ofício é preciso estar bem tbm. Autocuidado e autoconhecimento são ferramentas fundamentais!
ResponderExcluirVerdade!
ExcluirImportante romper o pensamento estereotipado de que autocuidado e egoísmo, pensar em praticas rotineiras de incentivo a professor, muitas vezes é uma pauta que nem existe, são tantas outras necessidades básicas, que cogitar que é responsabilidade da empresa o incentivo a saúde do profissional, se torna algo totalmente fora da curva, mas a necessidade existe e está latente, de fato, não dá mais pra ignorar essa questão!
ResponderExcluirCom certeza!
ExcluirSensacional, uma visão holística do íntimo coletivo, tudo o as pessoas querem gritar e não dominam essas peculiaridades. Amiga continui, sua positividade, sua verdade,seu domínio verbal, são espetaculares.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelíssimo texto, parabéns pela excelência!
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