terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O sonho de ser atleta


Texto escrito por Lennon Bustamante Moreira

Hoje me encontro num trabalho social numa cidade do Vale do Paraíba Paulista, onde treinamos adolescentes que sonham em ser atleta de futebol. Tentamos passar a eles o cotidiano de uma semana de trabalho e como se constrói um time, uma equipe e como potencializar um atleta. 

Não é fácil lutar contra tudo que a rua oferece e pedir que eles se afastem e foquem em seu sonho, pois logo na primeira dica que passo é que um atleta profissional vive da sua musculatura, ou melhor do seu corpo, e onde o corpo está bem a tendência é que consiga praticar seu respectivo esporte em excelência. Com isso o descanso diário, a ingestão certa de alimentos, a pratica de exercícios fazem e potencializam o sonho. 

Mas como pedir ou exigir a alimentação correta para quem tem uma ou no máximo duas refeições por dia, ou um bom descanso para quem divide cama, dorme no chão ou sofá.

A luta diária pelo sonho passa por cima, e a dedicação tem que ser maior, até porque em outro nível de exigência vemos a parte física inferior, alguns gestos mecânicos não condizentes com o esporte praticado. Essa geração revolucionada pelas facilidades que o celular proporciona, tem essa maturação e automaticamente a evolução no desporto atrasada, pois deixam de praticar atividades lúdicas, interagindo com outros e aprendendo uma coordenação, uma corrida, uma habilidade que poderá servir e a complementar o atleta que virá a ser.

Esse atraso pode ser um empecilho na busca pelo objetivo, mesmo inconsciente, outro fator que prejudica o crescimento, é de não disputar campeonatos em alto nível, pois várias prefeituras não investem no esporte, e essas crianças ano disputam campeonatos, não sabem o que é ganhar ou perder, se unir por um objetivo, treinar para os campeonatos, ter a vivência das regras, e com isso crescer como atleta. “É possível perceber se o desenvolvimento das relações socioafetivas e comunicabilidade, a sociabilidade, ajustando socialmente esse homem ao meio que vive” (BURITI, 2001, p.49)

Parece um discurso do mais do mesmo, entretanto ao vivenciar como vivencio há anos o lado profissional por todos os clubes que passei, e nesse exato momento estar fazendo esse trabalho social vejo na construção de cada atleta, que falta um dos tijolos citados acima, mas que sempre são suplementados de alguma forma pela superação de se tornar um profissional. 

Mas a pergunta que sempre faço, baseado em Santin (1993, p. 20), é: “Como podemos dar todas as ferramentas para realizar esse sonho?” Pois, “Nos tempos de crises culturais a imagem do homem é a primeira a ficar abalada. O homem sente se perdido e em perigo”.

Orçamentos cada vez menores para o esporte e trabalho quase sempre em nível social, não parece ser a forma correta para nossas crianças, que apesar de tudo ainda continuam lutando e sonhando.


O professor Lennon Bustamante Moreira é graduado em Educação Física e Especialista em Reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais.


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


Acreditamos no poder transformador do esporte. 


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