sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Natação na pandemia: um caminho metodologicamente possível

 

Texto escrito por Rafael Espíndola

A natação representa um valioso instrumento que vai ao encontro das necessidades fisiológicas e sociais dos praticantes. Uma prática esportiva que possibilita o trabalho em diferentes segmentos, desde a iniciação (massificação) até o alto rendimento (competição). 

Neste contexto, verifica-se que as diferentes abordagens no ensino da natação possibilitam um amplo número de caminhos para a sua prática e consequências na saúde do praticante. Tais caminhos facilitam aos alunos o acesso ao aprendizado. Cada aluno em sua individualidade, buscará percorrer um dos caminhos oferecidos. Esta condição de trabalho vai ao encontro do que Howard Gardner (2000) apresenta na sua teoria das Inteligências Múltiplas: proporcionar diferentes maneiras para que o aluno efetive seu aprendizado. 

A Teoria das Inteligências Múltiplas considera as diferentes potencialidades do ser humano por meio de 9 inteligências: Espacial, Musical, Lógico-matemática, Corporal-Cinestésica, Interpessoal, Intrapessoal, Linguística, Naturalista e Existencial. Diferente atividades esportivas estão vinculadas aos tipos de inteligências. 

A partir desta pluralidade de mente, Gardner (2000) considera que o ensino por meio de situações problemas/desafios possibilitam a manifestação das diferentes Inteligências. O esporte está pautado em desafios, em situações problemas que devem ser solucionadas, seja na quebra de um recorde ou na vitória contra uma equipe adversária. O desafio é uma palavra inerente do esporte! 

A prática da natação está atrelada aos potenciais da Inteligências Corporal-cinestésica, Espacial e Interpessoal. Vale ressaltar que a primeira está relacionada com o movimentos corporais, a segunda com a identificação de espaços e terceira com o conhecimento de si. 

Nesta perspectiva, pode-se considerar que o Lúdico desempenha um valioso instrumento para a elaboração de propostas pedagógicas para o ensino da Natação em tempos de pandemia. As brincadeiras representam caminhos possíveis para a aprendizagem dos fundamentos da modalidade a partir de situações problemas. 

A adaptação aquática e o aprendizado dos quatros nados (Crawl, Costa, Borboleta e Peito) podem, quando consideradas nesta perspectiva, possibilitar ao profissional de Educação Física, autonomia na criação e elaboração de propostas. Não existe um protocolo a ser seguido. 

Nesse cenário, é sabido que a prática regular de atividades físicas auxilia na manutenção de uma vida saudável, potencializando o sistema imunológico e o bom funcionamento do organismo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendou recentemente cerca de 300 minutos de atividades físicas semanais. Porém estamos vivendo um período de pandemia que, por diversas vezes, impossibilita a prática dessas atividades. 

Embora o alto índice de contaminação do vírus covid-19, especialistas apontam que em ambientes como piscinas (sem aglomeração), não possuem o mesmo grau de proliferação. Isto é, a ação dos produtos químicos presentes na água combatem o vírus. Neste contexto, como pensar o ensino da Natação identificando o potencial de cada aluno? 

Os diferentes contextos e os conhecimentos dos alunos serão primordiais para a estruturação de atividades pautadas na ludicidade e situações problemas. Os diferentes caminhos, isto é, as diferentes maneiras para efetivar, por exemplo, o batimento de perna do nado crawl, realizado por meio de atividades lúdicas, que, somadas ao potencial de cada aluno, podem ser reconfiguradas em situações problemas a serem resolvidas. De que maneira meu aluno aprende? De que forma posso ensinar a respiração no ambiente aquático? Perguntas deste gênero são primordiais para a criação e reformulação de propostas pedagógicas. 

As contribuições de Gardner (2000) podem auxiliar os professores em diferentes modalidades esportivas, especificamente na Natação. Alguns pontos como: respeitar a capacidade individual dos alunos; identificar os caminhos facilitadores para sua aprendizagem e variar as formas de ensinar e avaliar são capazes de efetivar a aprendizagem de alunos e futuros atletas. 

Afinal, quem pratica natação ou outras modalidades esportivas também é Inteligente!  


O professor Rafael Espíndola é mestre em educação pela Universidade de Sorocaba (UNISO) e docente nos cursos de educação física na UNIPLAN (Guaratinguetá) e na Escola Superior de Cruzeiro (ESC).


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


Acreditamos no poder transformador do esporte. 

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