sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Por um ensino do esporte com experiências mais marcantes

 

Texto escrito por Téo Pimenta

Para psicólogos cognitivistas especializados em desenvolvimento das habilidades motoras são necessários cerca de 10 mil horas de prática contínua para se chegar a um alto nível de habilidade motora, para atingir níveis de excelência. Neste sentido, não é só necessário vivenciar o esporte mas há uma necessidade de ir além, requer se aprofundar e ter experiências significativas no esporte. E com o avanço das ciências do esporte sugere-se que os alunos devam tem mais estímulos qualitativos e menos quantitativos, especialmente com relação ao volume e intensidade.

Assim, temos que promover boas e significativas experiências, necessariamente, que sejam marcantes no esporte. Temos conhecimento que as vivências tornam o aluno capaz de saber fazer, mas, temos que ter um certo cuidado quanto a elas, porque, vivenciar não significa aprender e muitas das vezes as vivências são rasas, temos que proporcionar experiências no esporte, algo mais profundo, reiteramos, marcante para os alunos.

Outro ponto importante para a nossa reflexão é o desafio constante em romper na prática, com a ideologia tecnicista que rondam as abordagens e paradigmas do ensino tradicional. Este desafio tornou-se o principal de muitos professores. Quem procura por uma mudança de paradigma possui o desafio constantemente por procurar novas formas ou diferentes maneiras de se ensinar o esporte. Trata-se de um desafio quase que diários refletir por um ensino do esporte eficiente e eficaz a partir de parâmetros empíricos e científicos. Tal atitude exige muito esforço que no final, ressaltamos, será muito gratificante e recompensador.

As novas tendências, em especial a Pedagogia do Esporte, propõem romper com as abordagens tidas como tradicionais de ensino, voltadas ao desenvolvimento do tecnicismo, que centra-se no professor, no movimento estereotipado e no adestramento dos indivíduos. Assim, por meio de um ensino a partir de abordagens interacionistas visam estimular práticas mais humanas, socioculturais e cognitivas.

O professor Alcides Scaglia desenvolveu uma analogia interessante que ao mesmo tempo critica o ensino tecnicista, ao identificar semelhanças com a alfabetização escolar, lembrem-se como se dava a alfabetização a partir da cartilha, aquela famosa que nos fazia juntar as palavras, formar as frases e irmos avançando até a interpretação do texto. Quanto tempo isso levava, demorávamos para obtermos a visão do todo. Esta mesma lógica de ensino foi transmitida para o ensino do esporte, assim, a partir de uma perspectiva tecnicista o método analítico foi propagado mundo a fora, na prática seria aplicar o conteúdo fragmentado. Seguindo nas ideia de Scaglia no ensino do esporte a técnica (fundamento) seria a letra e o jogo (tática) seria a interpretação do texto, logo, se torna difícil de interpretar um texto (jogo) com apenas uma letra, ou o conjunto de letras ensinadas isoladamente. Logo, isto se agravaria ainda mais com os professores lendo e interpretando para os seus alunos. De uma forma simplista, o aluno no esporte teria que ser estimulado a adquirir a compreensão que a técnica seria o como fazer e a tática o que fazer.

De que forma, o professor deve organizar e sistematizar o ensino do esporte? Se baseando e buscando problematizar aos alunos o como e o que fazer nas situações proporcionadas pelo esporte. É papel do professor estar atento e acompanhar as ações nesse sentido, repetimos, apenas a vivência não se constrói conhecimento, boas vivências são importantes, mas não garantem a imersão que gera engajamento que se converte em conhecimento. 

Nos métodos de ensino no esporte baseados na Pedagogia do Esporte o professor deve  estruturar e propor boas e significativas experiências, assim, também, estimular a inclusão de todos, inserir aspectos lúdicos, criar espaços acolhedores, saudáveis que potencialize a participação, autonomia e a liberdade de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizado-treinamento. E particularmente se pensarmos nos aspectos que envolvem o ensino do esporte o professor deve-se estimular a inteligência corporal, as habilidades cognitivas, orientação espacial, velocidade de reação e tomadas de decisão, ou seja, por meio de metodologias de ensino do esporte mais integradas.

O professor enquanto o responsável pelo processo de ensino-aprendizado-treinamento deve-se valer da sua capacidade de variar, criar, recriar, desta maneira, ressignificar o ensino do esporte apresentando cada vez mais experiências significativas que sejam marcantes para todos os alunos. 


O professor Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE. 


O Instituto Esporte Vale atua na formação de profissionais competentes para o ensino do esporte. 

www.ievale.com.br


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