Texto escrito por Téo Pimenta
Para psicólogos cognitivistas especializados em desenvolvimento das habilidades motoras são necessários cerca de 10 mil horas de prática contínua para se chegar a um alto nível de habilidade motora, para atingir níveis de excelência. Neste sentido, não é só necessário vivenciar o esporte mas há uma necessidade de ir além, requer se aprofundar e ter experiências significativas no esporte. E com o avanço das ciências do esporte sugere-se que os alunos devam tem mais estímulos qualitativos e menos quantitativos, especialmente com relação ao volume e intensidade.
Assim, temos que promover boas e significativas experiências, necessariamente, que sejam marcantes no esporte. Temos conhecimento que as vivências tornam o aluno capaz de saber fazer, mas, temos que ter um certo cuidado quanto a elas, porque, vivenciar não significa aprender e muitas das vezes as vivências são rasas, temos que proporcionar experiências no esporte, algo mais profundo, reiteramos, marcante para os alunos.
Outro ponto importante para a nossa reflexão é o desafio constante em romper na prática, com a ideologia tecnicista que rondam as abordagens e paradigmas do ensino tradicional. Este desafio tornou-se o principal de muitos professores. Quem procura por uma mudança de paradigma possui o desafio constantemente por procurar novas formas ou diferentes maneiras de se ensinar o esporte. Trata-se de um desafio quase que diários refletir por um ensino do esporte eficiente e eficaz a partir de parâmetros empíricos e científicos. Tal atitude exige muito esforço que no final, ressaltamos, será muito gratificante e recompensador.
As novas tendências, em especial a Pedagogia do Esporte, propõem romper com as abordagens tidas como tradicionais de ensino, voltadas ao desenvolvimento do tecnicismo, que centra-se no professor, no movimento estereotipado e no adestramento dos indivíduos. Assim, por meio de um ensino a partir de abordagens interacionistas visam estimular práticas mais humanas, socioculturais e cognitivas.
O professor Alcides Scaglia desenvolveu uma analogia interessante que ao mesmo tempo critica o ensino tecnicista, ao identificar semelhanças com a alfabetização escolar, lembrem-se como se dava a alfabetização a partir da cartilha, aquela famosa que nos fazia juntar as palavras, formar as frases e irmos avançando até a interpretação do texto. Quanto tempo isso levava, demorávamos para obtermos a visão do todo. Esta mesma lógica de ensino foi transmitida para o ensino do esporte, assim, a partir de uma perspectiva tecnicista o método analítico foi propagado mundo a fora, na prática seria aplicar o conteúdo fragmentado. Seguindo nas ideia de Scaglia no ensino do esporte a técnica (fundamento) seria a letra e o jogo (tática) seria a interpretação do texto, logo, se torna difícil de interpretar um texto (jogo) com apenas uma letra, ou o conjunto de letras ensinadas isoladamente. Logo, isto se agravaria ainda mais com os professores lendo e interpretando para os seus alunos. De uma forma simplista, o aluno no esporte teria que ser estimulado a adquirir a compreensão que a técnica seria o como fazer e a tática o que fazer.
De que forma, o professor deve organizar e sistematizar o ensino do esporte? Se baseando e buscando problematizar aos alunos o como e o que fazer nas situações proporcionadas pelo esporte. É papel do professor estar atento e acompanhar as ações nesse sentido, repetimos, apenas a vivência não se constrói conhecimento, boas vivências são importantes, mas não garantem a imersão que gera engajamento que se converte em conhecimento.
Nos métodos de ensino no esporte baseados na Pedagogia do Esporte o professor deve estruturar e propor boas e significativas experiências, assim, também, estimular a inclusão de todos, inserir aspectos lúdicos, criar espaços acolhedores, saudáveis que potencialize a participação, autonomia e a liberdade de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizado-treinamento. E particularmente se pensarmos nos aspectos que envolvem o ensino do esporte o professor deve-se estimular a inteligência corporal, as habilidades cognitivas, orientação espacial, velocidade de reação e tomadas de decisão, ou seja, por meio de metodologias de ensino do esporte mais integradas.
O professor enquanto o responsável pelo processo de ensino-aprendizado-treinamento deve-se valer da sua capacidade de variar, criar, recriar, desta maneira, ressignificar o ensino do esporte apresentando cada vez mais experiências significativas que sejam marcantes para todos os alunos.
O professor Téo Pimenta é mestre, professor no curso de educação física da Faculdade Anhanguera de Taubaté e diretor do IEVALE.
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